A vida é sonho apresenta um conjunto de imagens que instauram um território onde o real se dissolve e o onírico assume pleno protagonismo. No ensaio, a artista constrói uma dramaturgia visual em que animais falantes convivem com homens e mulheres, figuras transitam por ruas transformadas em palcos, e luas múltiplas surgem como personagens silenciosos que observam, dialogam e participam da cena.
O que se vê não é um mundo impossível, mas um mundo possível apenas dentro da lógica do sonho. As paisagens urbanas — avenidas, fachadas, praças, corredores e sombras arquitetônicas — deixam de ser simples cenários e passam a atuar como organismos vivos. Sobre essas superfícies, pessoas dançam, se elevam, se multiplicam e desafiam a gravidade que rege o cotidiano. Mulheres aparecem sentadas, deitadas ou suspensas sobre luas que brilham como holofotes; animais se aproximam dos humanos como interlocutores; e o espaço da cidade se converte em uma vastidão simbólica onde tudo pode falar, mover-se e se transformar.
A artista opera como uma mediadora entre o visível e o imaginado, permitindo que elementos díspares coexistam com naturalidade. A fusão entre corpo humano, fauna, astros e arquitetura não se apresenta como colagem ou fantasia, mas como uma continuidade poética: uma versão expandida da realidade onde as fronteiras entre matéria e devaneio deixam de existir. Através de escolhas rigorosas de luz, enquadramento e cor, as imagens instauram atmosferas que evocam silêncio, suspensão e estranhamento — estados que pertencem ao sonho, mas ecoam profundamente no despertar.
Ao propor cenas que desafiam a linearidade do real, A vida é sonho convida o espectador a participar de um jogo perceptivo: observar o mundo como se ele estivesse constantemente prestes a revelar algo escondido. A convivência entre humanos e animais falantes, entre luas múltiplas e gestos cotidianos, entre dança e concreto urbano, produz fissuras na lógica comum e abre espaço para uma compreensão mais fluida do que chamamos “realidade”.
O ensaio, assim, se afirma como uma investigação estética e existencial. Não se trata de escapar do mundo, mas de ampliar suas possibilidades. Sonhar, aqui, é um ato crítico e poético; é reconhecer que a vida, em sua profundidade, talvez seja feita justamente do que escapa à razão. A vida é sonho cria um universo onde o impossível se torna visível — e onde o visível retorna como convite ao assombro, à imaginação e à reinvenção de si.

de uma metrópole noturna, criando uma coreografia onde espaço urbano e gesto humano se
tornam indissociáveis. A sobreposição de imagens transforma ruas e viadutos em extensão do
corpo dançante, revelando a cidade como palco vivo e pulsante. Os bailarinos, envoltos em luz
fragmentada, parecem deslocar-se entre realidades, como se habitassem simultaneamente o
concreto e o sonho. A obra revela a potência do coletivo, em que a dança reinventa o território e
subverte a rigidez urbana. Surge, assim, uma poética do encontro, em que o ritmo da cidade é
guiado pelo movimento humano.

digital se entrelaçam, dissolvendo fronteiras entre o humano e o fabuloso. As figuras em cena,
revestidas de cores vibrantes e padrões híbridos, parecem emergir de um sonho coletivo,
ativando uma mitologia visual própria. A obra revela o instante em que o imaginário desperta e
reconfigura o real, transformando o palco em território de metamorfoses.

em camadas de luz, cor e projeção digital. A fusão entre figurino, gesto e ambiente cria um
espaço onde o humano se converte em mito, ativando uma poética visual de contínua
transformação. A obra revela o instante liminar em que o palco deixa de ser representação e
torna-se território de metamorfoses.

postes luminosos em eixos de um teatro urbano suspenso no tempo. As duplas, imersas em
feixes que caem como neve artificial, dançam entre real e sonho, criando uma poética do
movimento que pulsa entre sombra e claridade. A obra revela a dança como linguagem que
acende o espaço, permitindo que cada gesto escreva sua própria luz no ar.

enquanto o universo se inclina ao ritmo de seus movimentos. Os astros giram em espirais
coloridas ao seu redor, como se fossem notas de uma música silenciosa. No horizonte, várias
luas se sobrepõem, derretendo no céu como relógios líquidos, distorcendo o tempo em pura
poesia.

de aurora desenham trilhas sobre lagos de névoa, E cada bater de asa acende portais de
espanto.

asas, peles, olhos que respiram.
E o mundo se pinta em cadência: som e brilho, vivo e plural.







