As 08 fotografias que compõem a série Anti-Valor foram escolhidas a partir de um acervo de aproximadamente 150 imagens.
Entre os meses de novembro de 2022 e fevereiro de 2023 foram fotografados objetos que à primeira vista se apresentam “sem valor ou sem importância”, como carrinhos de supermercado, contêineres de lixo, sacos de lixo, colchões, fogões e balões que eu encontrava pelo caminho.
Naquele momento, o mundo se encaminhava para o fim da Emergência Internacional – COVID-19, o que de fato aconteceu em maio de 2023.
Nas fotografias não vemos figuras humanas, só a representação da sua presença nos carrinhos vazios, nos vestígios de uma festa (?) nos balões deixados na rua, no colchão à espera dos corpos, no fogão velho, nos sacos e contêineres de lixo cheios de restos urbanos.
As imagens fazem pensar sobre quão voláteis e obsessivos são os desejos numa sociedade marcada pelo consumismo, regras e códigos que disciplinam os nossos corpos, movimentos e ações, pré e “pós pandemia”.
A urgência de fotografar tais objetos sem nenhum tipo de manipulação na cena (seja no espaço ou na pós-produção da imagem) se deu por uma atração inexplicável que foi ganhando sentido à medida em que estes objetos mais e mais cruzavam o meu caminho, para além dos seus atributos utilitários, da sua banalidade.
Esta série propõe uma reflexão (um desconforto) a respeito de cadeias de anti – valores, em contraposição às redes de produtividade e eficiência que articulam as cidades.