Capital financeira, política e cultural de um país marcado por desigualdades, a Avenida Paulista representa uma ideia de desenvolvimento que é, ao mesmo tempo, concreta e utópica. Mais do que um eixo de mobilidade urbana, ela organiza fluxos que aproximam estruturas consolidadas do establishment e trajetos cotidianos guiados por esforço e sobrevivência.
A mobilidade aqui vai além do deslocamento físico — envolve também a busca por reconhecimento, por presença, por um lugar na coletividade. Ao mesmo tempo em que a arquitetura da Paulista, marcada por edifícios simbólicos e instituições consolidadas, transmite uma sensação de estabilidade, ao redor tudo se move apressadamente — rotinas aceleradas, presenças passageiras, trajetos que nem sempre se fixam.
Este ensaio busca interpretar essa tensão entre o permanente e o transitório, entre o que se impõe e o que resiste. Um trabalho construído a partir de passagens pela Paulista, com o olhar de quem visita a cidade ocasionalmente.