Cartas do Planeta Vermelho é uma travessia visual pelo deserto do Atacama realizada em fotografia infravermelha, onde a luz invisível se torna linguagem. Ao converter espectros além da visão humana em imagem, o ensaio propõe uma reinterpretação do território como uma ficção geológica. O vermelho dominante não é apenas um artifício técnico, mas uma provocação: e se estivéssemos diante de um planeta estrangeiro? O uso do infravermelho tensiona a noção documental e aproxima o deserto da linguagem da ciência, da memória e da imaginação especulativa.
Cada imagem é tratada como uma “carta” — uma mensagem visual enviada de um mundo real, mas alterado pela percepção expandida da câmera. O projeto convida o espectador a suspender certezas, deslocar sentidos e imaginar o planeta Terra como um astro ainda por decifrar.
Em Cartas do Planeta Vermelho, o deserto do Atacama é revelado por uma câmera modificada para capturar o espectro infravermelho, transformando paisagens áridas em visões alienígenas. A série é composta por sete imagens que funcionam como cartas visuais escritas com luz invisível — registros poéticos de um lugar real que, sob outra frequência, torna-se ficção.
Montanhas, crateras, vegetação e salinas emergem em tons surreais, desafiando o olhar documental tradicional e sugerindo uma nova cartografia sensorial. Nesta jornada entre ciência e sensibilidade, o que se vê não é o deserto como ele é, mas como ele poderia ser lembrado por alguém que o sonha — ou por quem já partiu.