Fiz essas fotos em janeiro de 2025, em Alter do Chão, Pará, na Comunidade de Urucureá, e tive vontade de montar esse ensaio na certeza de que a imagem e a arte podem fazer coisas positivas e provocar grandes transformações, na tentativa de manter vivo o sonho de um mundo melhor.
A comunidade está localizada as margens do rio Arapiuns, na região do baixo Amazonas, dentro do Assentamento Agroextrativista PAE Lago Grande, tendo como base a conservação ambiental, a valorização da cultura e saberes locais, como também o compartilhamento de saberes e experiências.
A atividade principal é o artesanato feito com a palha de tucumã, que vem do broto do tucumanzeiro, uma folha cheia de espinhos, que depois é replantada. A primeira etapa do trabalho é justamente seu beneficiamento, com a delicada remoção desses espinhos. Depois, a palha deve secar por três dias e passar a última noite na umidade do sereno para ficar clara e macia.
O tingimento é preparado com plantas da flora local, como urucum, jenipapo e açafrão: as folhas são cozidas na água e assumem as diferentes cores.
Testemunhar esse processo artesanal e o seu resultado, que é belíssimo, além de observar todo o modo de vida da comunidade, me fez constatar uma vez mais a necessidade de vivermos em perfeita conexão com a natureza.
Vimemos em meio a uma imensidão de diversidade, e somos todos uma coisa só, Terra, Humanidade, Cosmos. Tudo é Natureza.
Não se trata mais de apenas contemplar e exaltar sua beleza, é preciso agir, e muito rápido.
Dependemos do meio ambiente, é ele quem cuida de nós, precisamos saber manter um relacionamento saudável. Só tirar e não repor, acaba. Simples assim.
A conexão com a natureza nos mostra caminhos para viver em harmonia com o meio ambiente, respeitando e valorizando tudo o que ele nos oferece, na esperança de afastar a cegueira existente ao nosso redor e resistir à ideia de fim de mundo que assombra a todos nós, pois essa ideia nos faria desistir de nosso sonho, e o que é a vida sem os sonhos?