Neste ensaio, Maria de Minas reconstrói paisagens através da cor, explorando os limites entre percepção e representação. As imagens, captadas entre 2022 e 2024 em seis países, não buscam documentar o mundo tal como é, mas como ele se manifesta sensorialmente ao olhar que o interpreta.
Por meio da redução cromática e da manipulação digital, cada fotografia é destilada até alcançar um matiz dominante — um tom que sintetiza a atmosfera emocional e simbólica do lugar. A cor deixa de ser atributo da paisagem para se tornar sua essência poética.
Cores (IN)Visíveis propõe a paisagem como construção subjetiva: um espaço entre o real e o imaginado, entre o visível e o sentido.

A travessia noturna de um barco se dissolve no vermelho do entardecer. Um instante em suspensão entre o visível e o sonho.

A rocha e a água compartilham um abraço quente. A paisagem incandescente pulsa em tons de brasa, como se respirasse.

O caminhar sobre a duna revela uma trilha ancestral. No laranja absoluto, a matéria se curva à presença humana.

Um campo roxo onde o tempo parece ausente. A paisagem se desfaz em pigmento e atmosfera, como uma lembrança que nunca existiu.

O flamingo solitário habita um espelho violeta. O mundo reflete a si mesmo numa reverência silenciosa à leveza da existência.

Montanhas e mar dissolvidos em névoa azul. Tudo repousa no limite da forma, onde ver é quase imaginar.

Picos sagrados atravessam o céu em azul glaciar. A montanha ergue sua oração em silêncio, esculpida em gelo e luz.