O Brasil é responsável por 20% do consumo mundial de crack. De acordo com a Fundação Oswaldo Cruz, 0,9% da população brasileira já usou crack ao menos uma vez. Tomando como base os dados preliminares do Censo 2022 (207,8 milhões de habitantes), esse número corresponde a 1,8 milhões de pessoas.
Desse total, 11% (205.722) são dependentes compulsivos. Aqueles que habitam as centenas de cracolândias das grandes e médias cidades. Quem são essas pessoas, quais suas histórias de vida, o que fazem para sobreviver e comprar suas pedras de crack, considerando que um usuário compulsivo consome entre 11 e 16 pedras por dia?
Para saber, há um ano iniciei o projeto fotográfico Crack 0,9%, percorrendo pontos de venda e consumo da droga, localizados na Região Metropolitana de Belo Horizonte.
Logo no começo, percebi a necessidade de desmistificar a figura do “nóia”, que serve apenas para reforçar o preconceito incapacitante que estigmatiza esses seres humanos, que acumulam diversas carências: saúde, educação, trabalho, moradia, afeto, escuta, respeito e pertencimento.
O projeto busca humanizar a figura do dependente de crack, abordando sua realidade sem julgamentos. Uma visão contrária à do poder público, das forças policiais e da maioria da sociedade. É importante ressaltar que as drogas e suas consequências estão entre as maiores crises humanitárias existentes hoje no mundo.