Paolo Groppo, oficial aposentado da FAO, escrevendo desde Roma, explica que “romaria”, na tradição religiosa, é uma peregrinação a um santuário ou outro local digno de devoção. No Brasil, a Comissão Pastoral da Terra começou a organizar “romarias” pela terra, na esteira do Concílio Vaticano II. Enquanto as romarias tradicionais procuram essencialmente o altar e o Santo, as romarias da terra introduziram a “Palavra”, a reflexão, incorporando ritos e símbolos de outras religiões no universo católico. Mais do que confortar o coração, buscam a transformação da sociedade. A 45ª Romaria da Terra aconteceu no dia 21 de fevereiro de 2023, no Assentamento do MST em Eldorado do Sul. Neste ano, o convite sugeriu uma reflexão sobre o tema “Terra e Pão – em defesa dos territórios e da vida”.
Segundo Frei Wilson Dallagnol, da Comissão Pastoral da Terra (CPT): “Esperamos que as caravanas e romeiros tragam de seus territórios as suas experiências e desafios e que juntos aproveitemos deste espaço onde acontece um modelo de agricultura comprometido com a vida em primeiro lugar, para levar de volta uma verdadeira injeção de ânimo para fazer das lutas pela partilha da terra e do alimento, pela produção sustentável e pela alimentação saudável, pela erradicação da fome e preservação da natureza, tendo como objetivos e compromissos pelo nosso próprio futuro e das próximas gerações”, comenta. Participaram segmentos vinculados à espiritualidade e a luta social, e os romeiros foram acolhidos na chegada ao assentamento com buquês aromáticos e muitos sorrisos. Foi realizada uma missa campal, com a presença de vários representantes da Igreja. Inúmeras barracas ofereciam produtos produzidos no assentamento e também o artesanato indígena, fonte de subsistência dos grupos locais. Após a celebração, foi oferecido aos romeiros arroz de carreteiro, feijão e pão, alimentos produzidos sem o uso de agrotóxicos e de forma sustentável. Durante a tarde, aconteceram atividades culturais e recreativas.