Na beira do Rio Purus, em Beruri, no coração da Amazônia, presenciei as fronteiras que se dissolvem e se reinventam todos os dias. Fronteiras entre o natural e o humano. Entre o isolamento e o alcance global. Entre a floresta e o mundo.
Ali, onde a castanha do Brasil nasce, cresce e é colhida com as mãos firmes dos ribeirinhos, vi a linha tênue entre preservação e sobrevivência. Vi famílias que atravessam fronteiras invisíveis: do esforço diário ao sustento digno, da sabedoria ancestral ao desafio contemporâneo da sustentabilidade.
Essas castanhas, que partem de Beruri e cruzam fronteiras nacionais e internacionais, carregam consigo não apenas alimento, mas histórias, afetos, florestas. São pontes vivas entre o que é local e o que é global.
A câmera não apenas registra, ela atravessa. Minha fotografia percorre essas fronteiras, geográficas, sociais e simbólicas e revela os rostos de quem vive no limite entre o cuidado com a Terra e o esquecimento das cidades. São essas pessoas, guardiãs silenciosas da floresta, que nos ensinam que a maior fronteira a ser respeitada é a que existe entre o consumo e a consciência.
Que minhas imagens sirvam como travessias: da ignorância à valorização, da distância ao pertencimento, da cidade ao coração da floresta.