No tambor de mina, religião de matriz africana originada no Maranhão, voduns, caboclos, pajés, encantados, invisíveis, se fazem presentes, atuam nos corpos dos médiuns que dançam.
Na Tenda Nossa Senhora dos Navegantes, do quilombo maranhense de Santa Rosa dos Pretos, a Cabocla Teresa Légua, incorporada em Mãe Severina, lidera o ritual, no qual fui autorizada a filmar e fotografar.
Possuída pelo olho-câmera, registro imagens que capturam as expressões do invisível, a “atuação” (incorporação e performance) dos encantados. Os índices de suas agências visualizados nas performances dos corpos “atuados”.
Para este ensaio, seleciono imagens do tambor de mina na abertura do “serviço de croa” de Denise, no qual o Caboclo João da Mata “atua” sobre seu corpo e transforma a sua performance e expressividade.
Juliana Loureiro é antropóloga e documentarista. Atua nos campos temáticos e etnográficos da antropologia visual, das religiões de matriz africana, da cultura popular, da política e do meio ambiente, com povos e comunidades tradicionais, quilombolas, pescadores e ribeirinhos.
Desenvolve pesquisa e extensão junto ao Grupo de Pesquisa Religião e Cultura Popular (GPMINA) e ao Museu Afrodigital do Maranhão,
vinculados ao Departamento de Sociologia e Antropologia da UFMA e junto ao Núcleo de Experimentações em Etnografia e Imagem (NEXT
Imagem) e ao Núcleo de Arte, Imagem e Pesquisa Etnológica (NAIPE) do PPGSA da UFRJ.
O ensaio Invisível Fotografado se insere no contexto de pesquisa, que resultou em sua tese de doutorado em antropologia intitulada Encantaria Quilombola: Uma etnografia fílmico-fotográfica do atuar dos encantados junto à comunidade rural negra maranhense de Santa Rosa dos Pretos.