Quando pensamos no bairro da Liberdade, é comum que a primeira imagem a surgir em nosso imaginário sejam os “suzuranto”, as tradicionais lanternas japonesas que decoram as ruas principais, ou a grande predominância da cor vermelha, “akai”, que culturalmente está associada a proteção. Ao caminhar pelo bairro, encontramos vários símbolos que traduzem uma cultura, apenas uma.
O que poucas pessoas sabem é que o primeiro bairro a ser habitado por pessoas negras na cidade de São Paulo foi o bairro da Liberdade, à época conhecido como a periferia da capital. Parte do coletivo União dos Amigos da Capela dos Aflitos, Eliz Alves faz uma reflexão sobre a localização do bairro: “A Liberdade tinha todo o processo de punição dentro dela, o Pelourinho, o Largo da Forca, e o Largo da Pólvora. Quem quer morar do lado da cadeia? Quem quer morar onde pode ir pros ares a qualquer momento? Então a Liberdade era esse lugar. Quem veio morar aqui? Os pobres, os pretos”, comenta.
Ao longo do século XX, grande parte dessa população foi deslocada para a região do Glicério, que se tornou a periferia do próprio bairro que, hoje, faz parte da região central de São Paulo. Sendo sufocados pouco a pouco pela cultura asiática, os símbolos do povo preto no bairro da Liberdade tentam sobreviver para manter a memória viva e lembrada. “Depois que você toma conhecimento de tudo que a Liberdade viveu de 1800 até agora, você vê a importância desse pedaço de história, é um marco para a população, dos povos originários e para todos nós paulistas”.