A série consiste em fotografias autorais com intervenção de bordado a mão.
Os registros foram realizados durante uma viagem que se iniciou em 2016. São paisagens e momentos cotidianos, instantes que fizeram parte de uma experiência importante e o objetivo de retornar a esse arquivo é a investigação de temas como a memória e a sua transmutação, os caminhos percorridos, as fronteiras e encontros no percurso.
Cada fotografia é um fragmento de um momento vivido e esse registro breve de tempo também permanece em algum lugar da memória, como uma imagem latente. Ao retornar àquele instante, ao revisá-lo por meio de uma imagem, também retornam as sensações, os sons, os cheiros que já não estão mais presentes.
Os anos passam e as memórias vão se apagando aos poucos, ou são ressignificadas, porque as pessoas mudam também. Os lugares igualmente se transformam e, mesmo quando é possível regressar, a sensação é sempre diferente.
Através dos bordados realizados nessas imagens, criam-se linhas, mapas e coordenadas imaginárias do que foi experimentado, formando assim, um território pessoal. O bordado, uma técnica, tão antiga e presente em diversas culturas, é utilizado como uma forma de regressar a esses momentos e recuperar as memórias vividas, além de gerar uma dimensão visual do espaço percorrido.
O ato de bordar também é uma forma de representar o tempo, cada ponto é feito com paciência e se conecta ao que segue. O ritmo entre os pontos também é pulsação, assim como os segundos e minutos que se transformam em horas, dias e anos.
Realizar um trabalho que analisa a memória e o caminho percorrido é uma forma de gerar questionamentos ao público: “Como nos vemos e nos compreendemos? Quais caminhos estamos escolhendo/vivendo e o que acontece nessa trajetória? O que acontece com as recordações que são geradas a partir de um movimento?”.