“A memória de um pode ser a memória de muitos, possibilitando a evidência dos fatos coletivos.” – Paul Thompson.
Na série trabalho com histórias dos outros e com as minhas lembranças. Como uma colecionadora, coleto memórias que ouvi, imaginei ou vivi. Escuto narrativas alheias, resgato a memória popular das minhas origens e interajo a partir de meus sentimentos e de minha imaginação. São vidas de outras pessoas, de lugares díspares e de outros tempos. Apesar desta distância, existe uma proximidade com as histórias, pois são narrações que já ouvimos ou até vivenciamos. O contar a história do outro é também contar a nossa história.
Costuro afetos, experiências, o passado no presente, como Ariadne, meu fio cria um caminho entre mundos e vivências. O bordado torna a fotografia do outro mais pessoal e permite reagir ao invisível. E o ausente – a memória de outra pessoa – se transforma em um diálogo entre tempos e espaços. As novas narrativas visuais por mim criadas, conversam com todos nós e com nossa memória coletiva.
Mas bordar trás ainda mais simbolismos. Este ato carrega saberes de tantas mulheres como Penélope que bordou delicadamente “mundos particulares”, acolhendo sentimentos e desejos. O uso do ponto cruz como técnica reverencia o trabalho manual feminino de gerações. Um ritual.
O projeto também da voz às populações originais do Norte do Brasil.
Nos rios eu existo, ouço as lendas e me deixo levar, ali é o meu “Norte”.