O Amanhã é Hoje nasce do impulso urgente de confrontar o público com a realidade incômoda da poluição que avança sobre lugares antes preservados, como os Lençóis Maranhenses. Mais do que apresentar um registro estético, o ensaio traduz a angústia de perceber que a paisagem natural, admirada por sua pureza, começa a ser silenciosamente sufocada. Cada fotografia expõe marcas sutis — e, por vezes, devastadoras — da presença humana, revelando que aquilo que parecia eterno já dá sinais de desgaste.
As imagens convidam o visitante a enxergar a paisagem não como um cenário distante, mas como um organismo vivo que reage ao descaso coletivo. Ali, tornam-se visíveis as feridas abertas pela poluição: resíduos que atravessam o Atlântico e chegam até ali, intervenções visuais que rompem a harmonia do ambiente, alterações no solo e na água — indícios de um futuro que se aproxima com inquietante rapidez, ainda que muitas vezes seja temporariamente contido pela ação da comunidade ou de visitantes atentos.
Ao caminhar pela exposição, a sensação de urgência se impõe: se não enfrentarmos agora os problemas ambientais, aquilo que hoje reconhecemos como belo pode simplesmente não sobreviver. Mais do que sensibilizar, O Amanhã é Hoje se apresenta como um chamado. Aqui, a fotografia assume o papel de testemunha e denúncia, aproximando o espectador da responsabilidade compartilhada enquanto sociedade. As obras revelam o que tantas vezes insistimos em não ver: o impacto direto de nossas escolhas sobre ecossistemas inteiros.
O conjunto de imagens nos lembra que o futuro não é uma promessa distante, mas o resultado imediato das ações que tomamos hoje. Preservar a beleza do planeta exige consciência, mudança de hábitos e coragem para encarar a realidade tal como ela é. É esse desconforto necessário que o ensaio provoca — um apelo para que o amanhã continue existindo com a mesma força e poesia que, apesar de tudo, ainda encontramos hoje.














