Este ensaio traz um olhar de vida do autor, que, nasceu e se criou em um vilarejo de pescadores. Seu contato com a rua, com o brincar seguro e respeitado, bem como sua relação com a Capoeira e as pessoas mais velhas, tanto do seu bairro quanto da própria manifestação cultural, Capoeira, o fez inclinar-se sobre este tema, um assunto que por vezes se tornou caro e entristecedor, principalmente ao se deparar com os maus tratos ao meio ambiente e as marés de sua cidade.
O autor, Ulisses Lima sabe que dentre tantas atividades humanas a pesca é uma das mais antigas que acontecem na praia e no mar de sua cidade Salvador-Bahia, ela acontece ao longo de todo o litoral de Salvador, em cerca de 75 km de costa, iniciando em São Tomé de Paripe, no subúrbio ferroviário, se estendendo até o município vizinho de Lauro de Freitas.
Contudo, os impactos negativos das agressões a este meio, não se resumem simplesmente a pesca, ao alimento de um grupo de pessoas, e sim, a um grande ecossistema marinho, as diversas famílias que muitas vezes, só lhes restam este lugar para seus encontros, para seus momentos sociais.
As imagens postadas neste ensaio foram feitas entre os anos de 2022 e 2023 nas praias do Rio Vermelho, da Pituba, Costa Azul, Jardim de Alah, Humaitá, Ribeira e Pedra Furada, na cidade de Salvador-Bahia. Elas são reflexos de uma imersão dada a necessidade do autor se reconectar com a sua vida, logo após o momento pandêmico mais grave, em que não só ele, mas o mundo inteiro esteve envolvido e deste momento, houve necessidades das pessoas estarem envolvidas com um movimento que as mantivesse em equilíbrio.
Portanto estas imagens tratam-se de uma entrega de respeito e amor, que perambula entre a abundância de tudo que o autor viveu em agradecimento por tudo que o mar lhes representa, o mar e as “pessoas do mar” que lhes servirão de base para a sua formação cidadã, sua poesia e potência humana. É um olhar de quem vê o “deserto que seu mar” vem se tornando a cada dia, nos descuidos das autoridades, dos povos e das pessoas, os mesmos que dizem ter uma verdadeira adoração por estas águas salgadas.