como olhar para as camadas do tempo? O tempo desenhado, esculpido, re-velado, atravessado, des-territorializado, arruinado. Este ensaio poético nomeia o tempo na paisagem enquanto presença e ruína simultaneamente, pois as imagens que emergem até a superfície percorrem por membranas luminosas que atravessam o tempo e o espaço ao realizarem a representação ininterrupta do movimento dos corpos.
Seguindo por este rastro, Paisagem Tempo pode ser uma ruína, pois o ensaio se compromete a (des)continuar o curso da história com representações de movimentos, os quais nos fazem pensar: desde as camadas de mofo proporcionadas pela umidade que se deposita sobre os carimbos e que orientam o sentido do ensaio, as toras de madeira degradadas, a variação de velocidade em que a água toca a alga, ao musgo formado sobre a pedra. Por fim, o caramujo que caminha vagarosamente deixando na trilha, desenhada a sua cartografia. Em Paisagem Tempo a ruína sobreexiste através da fabulação.
Nesse ponto há um pensamento inquietante, no caso de aceitar a potência da transitoriedade como uma linha de fuga presente em cada uma dessas cenas, pois passado, presente e futuro são abrandados de suas tensões históricas. Agindo dessa maneira, a fissura se torna ato criador e violento, porque abre o fragmento para os seus possíveis.