Península

por Rafael Trindade

30 de junho de 2023

em Ensaio

A Península de Paraguaná, no ocidente da Venezuela, já foi sinônimo de riqueza. A promessa do petróleo transformou uma zona agrícola e pesqueira num polo industrial que passou a albergar o maior complexo de refinação de petróleo da América Latina e o segundo maior do mundo. Em 2015, a crise política e econômica já começava a assolar o país, deixando um rastro de ruínas privadas e públicas. Hoje a indústria petrolífera trabalha com capacidade muito reduzida e a diáspora venezuelana já ultrapassou os sete milhões de pessoas.

Pequena pesca – Sob o olhar vigiante de sua filha, um pai prepara a isca para pescar em um pier abandonado. A viagem familiar num dia ensolarado é, também, uma oportunidade para garantir mais um pouco de comida na mesa.

Vacas magras – Já em 2015, a escassez de carne em Punto Fijo, a principal cidade da península, foi grave durante vários meses, a ponto de os açougues ameaçarem fechar permanentemente.

Wagoneer – Durante um passeio para Cabo San Román, cujo farol marca o ponto mais norte da Venezuela, uma família tenta resolver um problema na sua caminhonete. Em meio à crise, as peças automotivas estão em falta ou, quando há, atingem preços impagáveis pela maioria da população.

Fantasmas – Construções misteriosas como essa, em Las Piedras, abundam em Paraguaná. É difícil saber se em algum momento tiveram alguma utilidade e depois foram desativadas ou se foram projetos abandonados na metade do caminho.

Comandante – Inclusive depois de sua morte, em 2013, a presença de Hugo Chávez é uma marca onipresente.

Era uma vez um muro – A Refinaria de Amuay vista através de um muro que ja não protege nada, nas instalações de uma companhia de pesca inativa, em Las Piedras.

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Rafael Trindade

Nasci em 1985, em Passo Fundo, no Rio Grande do Sul. Lá, me formei em Jornalismo pela UPF (2007). Foi durante a faculdade que começei a dar meus primeiros cliques. Em 2009, me mudei para Cuba, onde estudei direção de fotografia na EICTV (Escuela Internacional de Cine y Televisión). Foram 3 anos em Cuba, uma experiência que me marcou profundamente. De volta ao Brasil, comecei a trabalhar com cinema e publicidade. Paralelamente, faço um trabalho autoral em fotografia, especialmente em fotografia de rua. Gosto de documentar o quotidiano, sempre com a atenção centrada no ser humano e sua interação com a sociedade. Pretendo registar o mundo que nos rodeia com o mínimo de intervenção e acredito que os simples acontecimentos da vida são os maiores assuntos.