Quantas histórias não são ouvidas? Quantas pessoas ignoramos? Num mundo cada vez mais conectado com a tecnologia, estamos ainda mais desconectados das pessoas. Se as diferenças sociais já nos afastavam e já caminhávamos pelas ruas sem olhar para os lados, muito menos para baixo, agora, vidrados nas telas dos smartphones, quase não há chances de percebermos o outro, quem dirá escutá-lo. Por isso, assumimos a tarefa neste ensaio de dar o pontapé inicial no projeto “Quem escuta nossas histórias?”, o qual tem como objetivo lançar ao mundo as histórias desses personagens que por imposição – ou opção – não aderiram à vida online.
Assim, começamos com Luciano Ribeiro Simões, 69 anos, artesão olindense que (sobre)vive da venda de sua arte, exposta nas muretas do pitoresco Alto da Sé. De sorriso discreto e língua afiada, Luciano guarda nos recônditos de sua memória, e nas fotografias que carrega no interior de sua modesta mochila, histórias da sua vida que emocionam ao menor recordar. Quando encontra um interlocutor disposto, exibe suas lembranças como um tesouro de valor inestimável – como de fato o são.