“Retratos da Vida e Esperança” é uma homenagem à beleza, resiliência e diversidade dos moradores da Vila de Ponta Negra, em Natal/RN. Cada fotografia é um reflexo autêntico das histórias de vida que moldam essa comunidade. Nesta exposição, você encontrará pescadores, mestres do Congo, rendeiras, artistas transgêneros, mestres de quadrilha junina, mães de Jurema, mestres dos Maçariquinhos da Praia, vendedores ambulantes e tantos outros moradores que juntos, formam a alma vibrante deste bairro tão singular.
Esse projeto é um convite para conhecer as raízes culturais e a riqueza humana da Vila de Ponta Negra. Os rostos que você verá aqui representam não apenas os indivíduos fotografados, mas também o espírito coletivo de um povo que carrega em si tradição, força e esperança.
Além de valorizar a cultura local, “Retrato da Vida e Esperança” busca elevar a autoestima dos moradores, proporcionando um espaço onde suas histórias possam ser compartilhadas e apreciadas. Ao conhecer esses rostos e suas histórias, somos convidados a refletir sobre o impacto positivo que a valorização da comunidade pode gerar.
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Na Vila de Ponta Negra, onde o mar canta segredos ao vento, caminha Alyce, em passos que carregam histórias e sonhos. Seus dias são feitos de olhares – uns que pesam, outros que apenas observam, outros que a encorajam. Mas dentro dela, há um lume que não se apaga, uma força que transforma cada dificuldade em resistência silenciosa.
O mundo ao redor insiste em murmurar, mas Alyce olha adiante. O respeito que as vezes não chega dos outros já habita em seu coração, pois ela aprendeu a ser quem é com a coragem de quem enfrenta a maré.
Na dança do sol e das estrelas sobre Ponta Negra, Alyce segue semeando esperança com cada passo firme. Ela sabe que o caminho é longo, mas também sabe que é possível. E, enquanto caminha, ela não está só – carrega consigo a força de quem não desiste e a beleza de quem acredita no amanhã.
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Na vila de Ponta Negra, onde o mar sussurra segredos ao pé das falésias, vive Cassio o pescador, tecelão de horizontes. Suas mãos, calejadas pelo sal e pelo tempo, desenham na rede os sonhos que o oceano promete. Madrugada adentro, quando a lua ancora sobre as águas, ele sai, abaixo do brilhos das estrelas e pelo canto invisível da maré.
Cada onda é uma história; cada peixe um destino entrelaçado ao seu. O barquinho balança como uma canção antiga e o horizonte, sempre além, é um convite à esperança. No retorno, o sol acende o céu e a vila recebe com o cheiro de café e o riso das crianças.
Ali, entre o vai e vem do mar e a quietude da terra, o pescador vive não apenas de peixe e frutos de mar que ele traz, mas da poesia que nasce ao sentir o infinito nas mãos e o lar no coração.
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Na vila, onde o mar encontra as pedras, Hosana é história viva, uma personagem que transcende o tempo, unindo todos sob o mesmo céu azul que cobre Ponta Negra. Seus passos firmes ecoam pelos caminhos de terra, carregando a força ancestral de uma Mãe de Santos da Jurema.
Nos ritos que celebra, o som do cachimbo acompanha a dança de seu corpo, enquanto a fumaça desenha espirais no ar, conectando o mundo visível ao invisível. Ao seu redor, velas tremulam, iluminando os mistérios da mata e os segredos guardados nas folhas. A cada movimento, Hosana manifesta a energia dos guias, dos encantados, e de todo o sagrado que habita a Jurema.
Sua caminhada é memória e promessa, tecendo o fio invisível que conecta gerações. Seu riso é ponte entre o hoje e o sempre, enquanto suas lágrimas, quando vêm, são como chuva que fertiliza a terra, renovando o ciclo da vida.
Nas noites em que a vila é iluminada pelo luar, Hosana lidera as danças sagradas, trazendo ao presente as vozes do passado. Com suas mãos habilidosas, acende as velas que guiam as preces, e é em meio às rezas e cantorias que sua sabedoria se torna um caminho para aqueles que buscam a direção.
Na simplicidade do cotidiano, ela é lenda e realidade, um farol para quem busca no sagrado a direção para seguir em frente. Ela mostra que a verdadeira grandeza está em servir, amar e honrar os mistérios que tornam uma existência tão profunda e bela. Hosana, com sua presença, ensina que na fumaça do cachimbo, na luz das velas e no som da música, reside a essência da vida e da espiritualidade que une todos sob o mesmo céu.
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Na Vila de Ponta Negra, vive Ionaldo, o arquiteto das noites de São João. De alma vibrante, ele transforma cada ensaio em celebração, cada passo em poesia dançada.
Com olhos que enxergam além da música e mãos que moldam o espetáculo, Ionaldo reúne sua gente como quem cuida de um tesouro. Ali no terreiro iluminado pelas luzes da fogueira ele traça os caminhos da quadrilha como um pintor que espalha cores na tela do arraial. Seu coração bate no compasso da sanfona, no pulsar dos tambores, no eco dos risos. É ali que a tradição se encontra com o futuro, onde jovens e velhos dançam de mãos dadas, guiados pela voz firme e calorosa de Ionaldo. Ele não apenas organiza uma quadrilha; ele cultiva raízes e espalha asas, mantendo viva a memória que faz a vila pulsar.
Na simplicidade da festa, há grandeza. No comando de Ionaldo, há magia. E assim, sob o céu estrelado de Ponta Negra, a cultura segue dançando, conduzida por aquele que é mais que um dirigente – é um guardião de sonhos, o poeta do povo.
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Na Vila de Ponta Negra, onde o mar sussurra segredos à areia dourada, nas mãos ágeis das rendeiras, tece-se o mar em fios de algodao. Sentadas à sombra de cajueiros, seus movimentos são uma dança ancestral, delicada e precisa, transformando fios em labirintos de beleza. Cada laçada é um segredo latente como se o passado encontrasse o presente em um poema de algodao que o tempo traduz. Cada peça carrega o cheiro do sal, o calor do sol e o silêncio que só o som das ondas pode preencher.
As mãos que trabalham o tecido conhecem as histórias das marés e das estrelas. São mãos que tecem, mas também abraçam a memória de quem veio antes, preservando um ofício que é ao mesmo tempo arte, sustento e resistência. E assim, as rendeiras de Ponta Negra, com seus olhos no horizonte, bordam um legado que pertence ao oceano, à terra e à alma de quem o contempla.
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Filha de Jurema e Guia de Turismo
Na vila de Ponta Negra, onde o mar sussurra segredos antigos e o vento dança com as folhas da jurema, vive Luiza, filha das brisas e do encanto, herdeira das raízes de mistério e beleza. É uma presença que não se passa despercebida.
Seus cabelos lisos como seda, carregam o tom cinza da alvorada, malgrado a juventude que pulsa em suas veias. Ela transforma essa cor em coroas de prata e cada fio parece capturar um reflexo das ondas ao luar. Seus passos têm a leveza de quem conhece o peso da terra e a liberdade dos sonhos. Entre as fumaças das velas e dos cachimbos que envolvem a vila em seu abraço ancestral, Luiza baila, deixando um rastro de mistério.
Veste-se como quem tece encantos; seus vestidos têm a doçura do amanhecer e a força das tempestades. Sempre à mão, um leque que não apenas refresca, mas também fala – ora com um movimento súbito que silencia, ora com um gesto suave que seduz. O leque é o eco de sua voz, o prolongamento do seu braço
Elegante, valiosa, Luiza é mais do que filha da jurema – é uma oferta viva à arte de viver com poesia.
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Mestre do Congos de Calçola da Vila
Mestre do Congo, alma da Vila de Ponta Negra, é mais que um nome, é um canto eterno que ecoa nas marés do tempo. Com o tambor como coração e a voz como guia, ele tece histórias que dançam entre o vento e o mar. Guardião de uma cultura que pulsa nos becos e nas areias quentes, Pedro carrega nos ombros o peso e a leveza de tradições que resistem às investidas do tempo.
Nas festas do Congo, conduz o povo com passos firmes, com olhos que enxergam o passado e mãos que moldam o futuro. Seu ritmo é ponte entre gerações, unindo o riso das crianças ao olhar sábio dos mais velhos. A cada batida do tambor, ele escreve poesia invisível no ar, despertando memórias e sonhos.
Pedro Mestre do Congo não pertence apenas a Ponta Negra; ele pertence a quem sente, a quem ouve e a quem vive no compasso do tambor. Seu legado, como as ondas do mar, é infinito, espalhando-se além da vila, levando consigo a força de um povo que dança.