Quase 10 anos após o maior desastre ambiental já ocorrido no Brasil, em Bento Rodrigues, a primeira localidade diretamente atingida pela catástrofe, ainda resistem algumas construções que ousaram desafiar a fúria impiedosa das milhares de toneladas de lama que varreram tudo em seu caminho.
Construções arrasadas que emergem da terra exibindo ainda as marcas lúgubres do trágico rompimento da barragem de Mariana.
Entre as estruturas remanescentes, as vigas das salas de aula da pequena escola de ensino fundamental que foi sepultada sob o manto de lama ainda evocam memórias aflitivas das crianças que tiveram seus sonhos interrompidos. Lares que após terem sido literalmente soterrados, foram ainda posteriormente saqueados, depredados, e por fim abandonados. Metáforas visuais de toda dor e sofrimento que assolaram essa comunidade.
Atualmente, estas construções derradeiras estão sendo gradativamente engolidas pela natureza, como se a própria terra, em seu bucólico lamento, buscasse apagar as dolorosas memórias da catástrofe. No entanto estes escombros parecem ainda lutar para emergir do abraço inexorável da natureza, na esperança de preservar as memórias de uma comunidade que já não existe mais.