Não se nasce mulher, torna-se. Através de um lento e doloroso processo, a pedra bruta da criança feminina, recém-nascida na sociedade patriarcal, é esculpida até emergir a inexorável forma da mulher, fêmea humana adulta domesticada. Desde antes mesmo do próprio nascimento, ela é socializada para se adequar aos padrões estabelecidos.
Tornar-se mulher é ser privada de sua energia ativa, transformadora e combativa, sendo esculpida para se conformar e ser aceita. É ser forjada para a submissão, para ser constantemente subjugada. É aprender que a aprovação alheia é sempre prioridade, ditando suas escolhas e conduta. É colocar o olhar do outro acima do seu próprio.
A lição que uma criança-fêmea recebe é a de se desumanizar, de enxergar a si mesma cada vez mais como um objeto e menos como uma pessoa. Ela é ensinada a viver em uma sociedade patriarcal que valoriza a dominação masculina e coloca a mulher em uma posição de subalternidade.
Assim, transformadas, submetidas e desumanizadas, carregando as dores do mundo, somos finalmente esculpidas como mulheres. Todo esse trabalho de socialização é designado a partir do reconhecimento da nossa condição biológica de fêmea, mas é alimentado e fortalecido pelo poder opressivo do patriarcado, que perpetua a desigualdade e a subordinação das mulheres.
É importante refletirmos sobre essas questões e lutar por uma sociedade mais igualitária, onde as mulheres sejam valorizadas, respeitadas e tenham plena liberdade para serem quem desejam ser.