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Roberto Coelho

Roberto Coelho

VI, VENDO, E APRENDENDO
Na arte de viver, sempre tive íntima ligação com a arte. Desde pequeno, minha casa sempre foi repleta de música. Na periferia de Duque de Caxias, onde vivi os oito primeiros anos da minha vida, meu pai, trabalhador do comércio no Rio de Janeiro, sempre nos brindou com finais de semana regados ao melhor do samba. Com o falecimento do meu pai, nossa família migrou para o interior capixaba onde, na adolescência, como guitarrista, enveredei-me pelos caminhos da música sacra e do rock n’ roll. Universos bem distintos e que me permitiram um olhar muito plural para a arte. Cresci neste lugar, marcado pela cultura interiorana do Rio e do Espirito Santo, em Bom Jesus do Norte/ES e Bom Jesus do Itabapoana/RJ, cidades vizinhas em simbiose espacial e cultural.
Trabalhando desde os meus 14 anos, pude também exercitar meu potencial criativo como designer gráfico e diagramador de jornais e revistas. Nesta fase, meu repertório imagético cresceu, com muita referência para a composição fotográfica, afinal, na diagramação, as coisas precisavam estar bem distribuídas no espaço.
O medo deste reconhecido interiorano de bater asas e encontrar os áres mais agitados das capitais, fez com que buscasse meu desenvolvimento intelectual nestas terras. Formei-me em Serviço Social em 2009, pela Universidade Federal Fluminense, tendo feito mestrado e doutorado pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro debatendo temas relacionados ao trabalho e ao sofrimento. Desde 2013 sou docente da Universidade Federal de Ouro Preto, e encontrei nas lindas cidades de Mariana/MG e Ouro Preto/MG a inspiração que precisava para recuperar o prazer em me expressar pela arte, agora com uma nova linguagem, a fotografia.
Meu trabalho fotográfico procura capturar a riqueza do mundo por onde eu passo. Enquanto estudioso do sofrimento, procuro nas minhas imagens a realização do oposto do meu objeto de estudos, Registrando desde a abundância natural às mudanças incrivelmente criativas que os homens promovem neste pálido ponto azul onde vivemos.
Cada tempo tem sua marca, e, pra mim, o artista deve necessariamente dialogar com o espírito do seu tempo. Hoje, no Brasil, particularmente, vivemos um momento marcado pelo ódio. Na transversalidade do meu trabalho, procuro apresentar um “calor” que se contrapõe a isso. É este sentimento fraterno que meu trabalho leva pra onde ele está.