Conheci Faiza em uma das poucas paradas ao longo da estrada que leva ao posto fronteiriço ‘Galafi’ entre Djibouti e Etiópia. A estrada é acidentada, com muitas partes não pavimentadas e sem iluminação. Aproveitei aquela parada, que consistia em uma cabana de madeira e ferro, para tomar uma bebida gelada e um lanche leve. A parada estava cheia de caminhoneiros etíopes que passam o dia inteiro viajando para chegar aos portos de Djibouti a partir de Addis Ababa, e outro dia viajando de volta carregados com todos os tipos de mercadorias importadas. A única garota que trabalhava lá estava acompanhada por dois rapazes, que se limitavam a conversar com os clientes e fumar cigarros.
Ela era responsável por preparar os sanduíches, fazer chá e limpar as mesas e o banheiro. Faiza tentava atender rapidamente aos pedidos dos caminhoneiros de mau humor devido ao cansaço e à longa jornada. Ela servia os clientes com um sorriso constante, enquanto a música etíope ecoava do alto-falante pendurado em uma das colunas da cabana. Ela me contou que estava enfrentando essas duras condições de trabalho para sustentar sua família na Etiópia e que trabalhava lá sem contrato ou cobertura social.
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