Imagem parte do projeto HUMANAMAZÔNIA
A imagem, tal como a obra de arte ou qualquer manifestação artística, entra no caos para daí traduzir obras, monumentos e séries, que capturam os movimentos, as forças em jogo que delas fazem impressão nas retinas. Na janela que se abre para o momento eternizado, somos levados para o frescor da Amazônia, imersos em um banho de rio ou sob o movimento da madrugada no Ver-o-peso. Tanto para quem viveu quanto para quem tem o vislumbre dessas vivências- experiências pela primeira vez, o fotógrafo nos oferece os perceptos de uma vida eivada de calor e rio. Rao Godinho captura, mesmo nas fotos posadas, a espontaneidade do cotidiano amazônico.
Um pequeno fragmento de eternidade que se materializa na obra de arte e que o artista, expositor, tenta recortar nesse mundo de possibilidades, dentro desse ofício de documentar e expor muito de si é impresso, sendo também parte de sua própria vida, as raízes de Rao se expõem nos traços compostos de luz e sombra, deixando para o espectador afectos que vão para além do repertório de que carrega até o momento que se depara com a imagem. Por isso, HUMANAMAZÔNIA é devir. É onde essas forças que constituem o corpo do artista, da fotografia e do mundo se encontram em fronteira, em co-presença, quando o artista não se confunde com a obra, mas é a própria obra.
Essa expressão de si é como o barco que deixa o porto, cheio de segurança, e se encontra com a fúria turbulenta do rio-mar. No encontro com o rio-mar que é a imagem se eterniza sem perder o movimento. Dura sem cessar de acontecer. Devir-HUMANA, a AMAZÔNIA se faz força que puxa para dentro da imagem os olhos que conservam a experiência única de partilhar de uma co-habitação do aqui/lá. Do que vai e volta sem ser o mesmo. Do que é próprio da vida: desejo/potência/criação.