A fotografia é a base para a criação da série “Minhas saudades passam pelos rios…”, de Alessandra França. Sobre ela vêm se sobrepor uma série de outros elementos, o bordado, colagens, palavras, intervenções que tornam sua superfície mais complexa e polissêmica. Por meio desse recurso, a artista incorpora narrativas que permitem dar voz às populações do Norte do Brasil.
O projeto teve início em 2021, quando Alessandra França foi morar em Manaus (AM). Tem como inspiração literatura, cultura popular, história oral, música e artes plásticas. Um recorte desse trabalho está dentre os finalistas do Prêmio Portfólio FotoDoc 2024, na categoria Ensaio.
Descubra mais sobre a artista e sua criação na entrevista que segue.
Quantos anos tem? Onde vive e trabalha atualmente?
Tenho 56 anos. Vivo em trabalho em Brasília/DF
Conte um pouco da sua trajetória pessoal na fotografia. Quando começou a fotografar e por que? Qual papel tem a fotografia em sua vida?
A fotografia está presente na minha vida há tempos, meu pai foi o meu grande incentivador desde sempre, mas somente em 2010 resolvi fazer cursos, workshops, palestras para estudar e conhecer mais profundamente a arte da fotografia. A partir daí, fiz exposições coletivas e individuais.
Em 2020, descobri esse mundo da Fotografia Experimental, comecei a fazer intervenções nas minhas imagens autorais, e passei a ressignificar e contar histórias imagéticas.
As Artes Visuais deram um sentido especial, fui resgatar memórias minhas e do outro. E como essas narrativas, por mim criadas, conversam com todos nós e com nossa memória coletiva.
Conte um pouco sobre seu trabalho finalista do PPF 2024. Quando e onde foi realizado? Qual a proposta? De que maneira e em que medida ele se encaixa em sua produção fotográfica?
Na série trabalho com histórias dos outros e com minhas lembranças. Escuto narrativas alheias, resgato a memória popular das minhas origens amazônidas e interajo a partir dos meus sentimentos e da minha imaginação. Me inspiro na literatura, cultura popular, história oral, música e artes plásticas.
Comecei esse trabalho em 2021, fui trabalhar e morar em Manaus, e me encantei com os rios e as histórias contadas, foi um mergulho nas raízes e ancestralidade.
Esse projeto traz vários simbolismos, nele costuro afetos, experiências, o passado no presente. O bordado, as colagens, os objetos criam camadas e tornam a fotografia do outro mais pessoal e permite reagir ao invisível, possibilitando dar voz às populações do Norte do Brasil.
E como artista visual abriu caminhos para mesclar a Fotografia Autoral à várias linguagens da Arte.
Em quais projetos trabalha atualmente? Quais seus planos para o futuro próximo em termos de produção fotográfica?
Nesse momento estou em alguns projetos individuais continuando a pesquisa da memória individual e coletiva, no aperfeiçoamento e estudo das linguagens e narrativas visuais. Ministrando Oficinas de Assemblage em Espaço de Arte. Exposições Coletivas.
Na pesquisa e produção de livro de artista e fotolivro. Produzindo a minha Exposição individual.
E fazendo parte de um Coletivo sobre Corpo & Gênero, numa forma de experimentar outros caminhos e possibilidades.