A fotografia entrou na vida de Bruna Ferreira por causa do Hip Hop. Ela fazia parte de um coletivo que tinha uma marca de roupas e queria vender pela internet, para conseguir viabilizar o projeto era necessário fotografar os produtos, e assim ela se aventurou. Desde os primeiros cliques, sua câmera está voltada à contribuição com o movimento de Hip Hop e de cultura urbana.
Durante uma sessão de graffiti realizada em um bairro de Bento Gonçalves (RS), Bruna Ferreira registrou o movimento das crianças, que jogavam futebol e estavam entusiasmadas com o evento. Dessa sessão de fotos nasceu O guardião, Imagem Destacada finalista do Prêmio Portfólio FotoDoc 2023. A imagem mostra o garoto encarregado de defender o gol, atuando como goleiro com os chinelos na mão, orgulhoso de sua missão.
Conheça um pouco mais do trabalho e dos planos dessa jovem fotógrafa gaúcha, atualmente morando em Florianópolis (SC).
Quantos anos tem? Onde vive e trabalha atualmente?
Eu tenho 26 anos, sou gaúcha mas moro em Florianópolis – SC e aqui eu trabalho como produtora de eventos da APEC Sul – Associação Pro Esporte e Cultura. A vida de fotógrafa anda sempre em paralelo aos trabalhos com produção de eventos, fotografo acompanhando a cultura urbana com meu projeto Coolture Trip por vários lugares do Brasil, então moro em Floripa mas sou mais uma visita na minha própria casa hehe.
Conte um pouco da sua trajetória pessoal na fotografia. Quando começou a fotografar e por que? Qual papel tem a fotografia em sua vida?
Eu comecei na fotografia por causa de um coletivo de Hip Hop do qual eu fazia parte, tínhamos uma marca de roupas e queríamos vender na internet, pra isso precisávamos de fotos boas dos produtos e como não tinha dinheiro pra pagar fotógrafos, eu mesma fui aprendendo, com vídeos no youtube e uma câmera superzoom comprada no Paraguai. No meio desse processo tive acesso a equipamentos de amigos, paguei alguns cursos e vi que no meio da cultura eu também poderia contribuir com as minhas fotografias, então voltei meu trabalho pro cultural e comecei de fato uma carreira.
Dentro da cultura urbana eu acredito em deixar um legado, fazer algo que a próxima geração seja beneficiada, que ajude a entender como vivemos e a transformação que a cultura tem na vida das pessoas no decorrer do tempo, assim como as fotografias que mostram a cultura urbana em 1973, feitas por Martha Cooper, Henry Chalfant, Jamel Shabazz, eu quero documentar o que vivemos hoje, para quem vem depois de mim. Eu fotografo PARA o Hip Hop, e essa missão tem me feito ser melhor para as outras pessoas também, logo, a fotografia tem o papel de dar sentido a tudo que eu acredito, ela me coloca no mundo como alguém relevante e contribuinte.
Conte um pouco sobre seu trabalho finalista do PPF 2023. Quando e onde foi realizado? Qual a proposta? De que maneira e em que medida ele se encaixa em sua produção fotográfica?
A fotografia escolhida como finalista do PPF 2023 foi feita numa comunidade de Bento Gonçalves – RS, pertinho de onde mora a minha família, durante um evento de graffiti onde as crianças estavam jogando bola. Observar as crianças jogando enquanto notam as cores aparecendo nos muros, brincando e interagindo com os artistas é a parte que eu mais gosto e que inclusive, já foi tema de exposição da Coolture Trip.
Eu acredito que nessa imagem dê pra ver a síntese do meu trabalho.
“O Guardião” traz o goleiro do jogo, que sem poder de escolha recebeu a missão de guardar e proteger o gol, a posição menos glamurosa do futebol da rua sem saída, e também a mais importante, pois de nada vale os melhores jogadores do mundo, se o goleiro não souber proteger o seu espaço.
Assim como eu, ele faz o melhor que pode, com as armas que tem, independente do tamanho do desafio.
Em quais projetos trabalha atualmente? Quais seus planos para o futuro próximo em termos de produção fotográfica?
Hoje dentro da fotografia meu maior projeto é a Coolture Trip, eu lancei um livro em 2018 sobre uma roda de dança que acontecia na minha cidade, gostaria muito de poder lançar o segundo livro mas com abrangência nacional, e isso se encaminha para acontecer, então, meus planos caminham com essa direção.
Não há muitas mulheres dentro da fotografia de cultura Hip Hop, por isso eu quero ir e alcançar lugares onde outras pessoas possam me ver e acreditar ser possível.
O PPF é o primeiro concurso que me inscrevo, estou aberta e empolgada para as oportunidades que podem surgir a partir dele.