Segundo um relatório das Nações Unidas, 33 milhões de brasileiros não possuem moradia. Essa situação os obriga a sobreviver em situações extremamente precárias, nas ruas, em áreas de risco ou em ocupações. Ao tomar conhecimento desse relatório, Cassio L. deu início a um projeto de documentação dedicado à temática. Um recorte desse trabalho, intitulado “O inferno de Dante”, está entre os finalistas do Prêmio Portfólio FotoDoc 2024.
O urbanismo excludente e violento do Brasil é o principal foco de seu trabalho autoral. É o segundo ano consecutivo que Cássio L. está os finalistas do Prêmio FotoDoc. Em 2023, ele esteve representado com o Ensaio “Crack 0,9%”, sobre dependentes de crack. Vivendo em Contagem (MG), ele tem uma trajetória como redator publicitário, tendo trabalhado em Belo Horizonte, São Paulo, Brasília e Luanda, em Angola.
Saiba mais sobre o fotógrafo e sua abordagem na entrevista a seguir.
Quantos anos tem? Onde vive e trabalha atualmente?
Tenho 64 anos. Vivo em Contagem, Região Metropolitana de Belo Horizonte. A fotografia me acompanha desde a adolescência, quando sonhava ser fotojornalista. Mas, profissionalmente sempre trabalhei como redator. Apenas mais recentemente resolvi começar a participar de concursos e editais de fotografia. Desde então, fiz quatro exposições individuais e duas coletivas. E fui finalista de vários prêmios, entre eles o FotoDoc 2023.
Conte um pouco da sua trajetória pessoal na fotografia. Quando começou a fotografar e por que? Qual papel tem a fotografia em sua vida?
Como disse anteriormente, o interesse pela fotografia surgiu na adolescência. Estudei jornalismo, mas fui atraído pela publicidade. Como redator publicitário, trabalhei em Belo Horizonte, São Paulo, Brasília e Luanda, em Angola. A fotografia é onde manifesto minha relação com o mundo. Uma questão de atitude e princípio, em que expresso com liberdade e independência, minha visão e, principalmente, meu espanto com relação aos dias atuais.
Conte um pouco sobre seu trabalho finalista do PPF 2024. Quando e onde foi realizado? Qual a proposta? De que maneira e em que medida ele se encaixa em sua produção fotográfica?
O ensaio “O inferno de Dante” é um recorte do projeto que comecei há cerca de um ano, sobre a falta de moradias no Brasil. Um relatório do Programa das Nações Unidas para Assentamentos Humanos dá conta que 33 milhões de brasileiros não têm moradia. Vivem nas ruas ou em condições desumanas e inapropriadas. A partir da leitura desse documento, comecei a fotografar essa realidade em diversos contextos como invasões, ocupações, moradias em áreas de risco, pessoas em situação de rua, entre outras condições. Escolhi o urbanismo como matriz da minha fotografia o que, aliado à minha sensibilidade social, me levou a realizar esse trabalho.
Em quais projetos trabalha atualmente? Quais seus planos para o futuro próximo em termos de produção fotográfica?
Como fotógrafo voltado para as questões urbanas, me interessa realizar projetos que mostrem como as grandes cidades possuem áreas e construções desumanizadas. O que chamo de arquitetura hostil, que também está ligada ao racismo ambiental.