Fotógrafa curitibana com quase três décadas de trajetória, Charly Techio encontrou na linguagem autoral sua principal forma de expressão após um encontro transformador com a obra de Miguel Rio Branco. Sua produção fotográfica, que vai além do hobby para se tornar ofício e válvula de escape, é marcada por uma investigação estética e teórica profundamente pessoal.
Seu ensaio “La Petite Mort“, finalista do Prêmio Portfólio FotoDoc 2025, é um mergulho corajoso e vulnerável em sua própria história. Realizado em 2023 dentro de sua própria casa, a série de autorretratos ultrapassa a abstração para revelar de forma crua e poética suas cicatrizes – tanto do corpo quanto da alma. O trabalho se destaca em sua produção por seu caráter profundamente autobiográfico e intimista, usando a câmera como ferramenta de exposição e cura, explorando as camadas mais profundas da identidade e da experiência humana.
Conheça mais sobre os processos por trás desta obra tão pessoal e os futuros planos de Charly Techio na entrevista que segue.



Quantos anos tem? Onde vive e trabalha atualmente?
48 anos. Curitiba – PR.
Conte um pouco da sua trajetória pessoal na fotografia. Quando começou a fotografar e por que? Qual papel tem a fotografia em sua vida?
Fotografo desde minha adolescência, era meu hobby, especialmente durante a faculdade, mas foi após ver uma exposição Nakta do Miguel Rio Branco, em Curitiba, que minha percepção sobre a fotografia mudou, e passei a me aprofundar sobre a fotografia autoral. Com o decorrer dos anos, a fotografia como arte se estabeleceu como uma forma de expressão em meus trabalhos.
A fotografia é uma grande parte da minha vida, faz parte do meu interesse estético e teórico, é minha fonte de renda, é minha válvula de escape.


Conte um pouco sobre seu trabalho finalista do Prêmio Portfólio FotoDoc 2025. Quando e onde foi realizado? Qual a proposta? De que maneira e em que medida ele se encaixa em sua produção fotográfica?
Esse ensaio eu realizei dentro da minha casa, em 2023. São autorretratos bem intimistas e autobiográficos. Uso muito autorretrato na minha produção, mas geralmente interpretando assuntos mais abstratos. Já esse ensaio é mais corajoso, me expõe de uma forma mais profunda, relatando minhas cicatrizes do corpo e da alma.
Em quais projetos trabalha atualmente? Quais seus planos para o futuro próximo em termos de produção fotográfica?
Estou me dedicando ao estudo teórico sobre a imagem e o autorretrato, questões relativas às redes sociais também têm me interessado bastante. Recentemente fiz uma exposição sobre o mundo virtual e a virtualidade das imagens, que foi a partida para essa temática. Pretendo conectar esses assuntos num próximo trabalho, usar o autorretrato para pensar a identidade em relação as redes sociais, a selfie e a objetificação do corpo.

