A fotografia de rua invadiu a vida do inglês David Gibson quando ele entrou em contato com o trabalho de fotógrafos como Henri Cartier-Bresson e Elliott Erwitt durante um curso superior em Fotografia de Publicidade e Editorial, em 1988. Mas a descoberta dessa denominação só viria mais tarde, ao longo dos anos 1990, quando passou a diferenciar a fotografia de rua como um gênero circunscrito dentro do universo mais amplo da fotografia documental.
Gibson conta que seu trabalho não segue uma proposta específica. “Ao longo dos últimos 30 anos, venho fazendo fotografias sem um intuito preciso. Talvez minha conexão com a fotografia de rua esteja ligada à ideia do flâneur, aquele que flana pelas ruas na busca das próprias imagens. Algumas fotos minhas podem ser reunidas em torno de temas ou sentimentos, mas no geral vejo meu trabalho como uma grande bagunça”, comenta.
Gibson ainda não “organizou” o próprio trabalho em livros autorais ou exposições. A dimensão comercial de sua atividade está ligada à curadoria e ao ensino. Ele dá cursos sobre fotografia de rua e tem publicações paradidáticas sobre o tema. Também auxilia fotógrafos a editarem seus trabalhos.
Seu estilo e sua abordagem mudaram bastante ao longo dos anos. “Estou sempre buscando escapar do que já fiz, tento experimentar novas formas. Atualmente tenho me envolvido bastante com a abstração, inspirado por fotógrafos como Ernst Haas, Mario Giacomelli e, mais recentemente, Saul Leiter e Gueorgui Pinkhassov. A fotografia abstrata é um escape e uma experimentação”, avalia.
Câmera compacta
Atualmente, a câmera que David Gibson usa com mais frequência é a compacta Fuji X100T. Ele iniciou na fotografia com uma Nikon FM2 e, com a chegada do digital, migrou para câmeras DSLR da Canon. “Acho que as câmeras digitais trazem muitas regulagens. Às vezes parece que estou na cabine de controle de uma aeronave, tamanha a quantidade de botões e alavancas. Para mim o equipamento tem de ser simples de usar. Migrei para a X100T por ser uma câmera menor, que não chama muito a atenção. Mas nenhuma câmera é perfeita. Essa, por exemplo, me faz perder algumas fotos por causa do sistema de foco automático e do modo macro, que às vezes são difíceis de usar”, explica.
Como dica aos interessados na área, Gibson recomenda tirar um pouco os olhos do monitor e buscar por referências impressas. Os livros de fotografia são importantes por trazerem uma edição coerente. “Você pode julgar um fotógrafo por seu trabalho, mas também pelos livros que já publicou. Esse interesse pode ser estendido à arte em geral, ao cinema e até à literatura. A mente e os olhos precisam de estímulos. Por fim, não fique muito preocupado com regras e definições. Somente se deixe inspirar pelo trabalho dos outros”, indica.
Gibson conta que já houve casos de pessoas que se identificaram com suas fotos. “Na maioria das vezes, a reação foi positiva. Gosto de pensar que a minha fotografia de rua nunca é cruel ou injusta de maneira alguma”, afirma.
Quem é ele
Com 62 anos, David Gibson é britânico e vive em Kent, próximo a Londres, onde realiza a maioria de suas fotografias de rua. Gibson começou a se interessar pela fotografia de rua nos anos 1990. Além de fotógrafo e membro fundador do coletivo In-Public, atua como curador e já escreveu três livros paradidáticos sobre o tema, dentre eles o Manual do Fotógrafo de Rua, publicado no Brasil pela editora Gustavo Gili. Site: www.gibsonstreet.com /
@davidgibsonstreetphotography.