Multifacetado artista visual do extremo norte do Brasil, Dinho Rocha é um amapaense de coração que domina diversas frentes do audiovisual, da cinegrafia ao design. Sua fotografia, no entanto, é onde seu olhar mais pessoal se expressa, alimentado por uma infância cercada por câmeras analógicas e anos de estudo em desenho e ilustração.
A imagem “Castanheiro“, finalista na categoria Imagem Destacada do Prêmio Portfólio FotoDoc 2025, é um poderoso exemplo dessa missão. Capturada no coração da Reserva Extrativista do Rio Cajari, no Amapá, a fotografia vai além do registro documental para revelar a essência de um trabalho árduo e ancestral. No rosto e na postura do senhor que coleta ouriços de castanha, Dinho congela um instante de puro esforço físico, traduzindo com sensibilidade a dignidade e os riscos iminentes por trás de um produto comum nas feiras. A imagem é um tributo à vida do povo nortista e um convite para enxergar a Amazônia para além de suas paisagens singulares.
Acompanhe na entrevista a seguir a trajetória deste artista que deixa a fotografia guiar seu caminho enquanto documenta a riqueza e a realidade da vida na floresta.
Quantos anos tem? Onde vive e trabalha atualmente?
Tenho 36 Anos, Sou paraense mas vivo no Amapá há mais de 25 anos. Sempre digo que sou amapaense de coração. Atualmente trabalho em diversas áreas do audiovisual (fotografia, cinegrafia, edição, designer, ilustração, artes visuais…).
Conte um pouco da sua trajetória pessoal na fotografia. Quando começou a fotografar e por que? Qual papel tem a fotografia em sua vida?
A fotografia fez parte da infância, brincando com câmeras analógicas de alguns parentes. O “olhar fotográfico” sempre esteve presente através do estudo de desenho e ilustração. Mas a fotografia profissional veio até mim como uma oportunidade de explorar mais essa arte e aplicar no meu trabalho com cinegrafia e também como um complemento de renda. A fotografia é pra mim uma forma de expressão. É a vontade de mostrar às outras como eu vejo o mundo.
Conte um pouco sobre seu trabalho finalista do Prêmio Portfólio FotoDoc 2025. Quando e onde foi realizado? Qual a proposta? De que maneira e em que medida ele se encaixa em sua produção fotográfica?
Essa fotografia foi feita dentro da reserva extrativista do Rio Cajari, na comunidade de Açaizal, Município de Laranjal do Jari (AP). Eu era o fotógrafo de uma expedição que estava produzindo um vídeo institucional sobre o potencial turístico da pesca esportiva no Estado do Amapá. Conhecemos esse senhor e o acompanhamos mata a dentro pra que ele mostrasse-nos o processo de coleta do ouriço da castanha.
Em determinado momento eu fiz a fotografia tentando captar a expressão dele e demonstrar à quem visse a foto, a dificuldade, esforço físico e risco iminente que essas pessoas correm para coletar um produto que normalmente é encontrado com facilidade em mercados e feiras, mas que nem sempre é compreendido o quão trabalhoso é o processo. Expressar a vida do povo nortista amazônico – além das paisagens que são singulares – são a minha principal paixão pela fotografia autoral.
Em quais projetos trabalha atualmente? Quais seus planos para o futuro próximo em termos de produção fotográfica?
Atualmente trabalho em diversas áreas do audiovisual, mas um trabalho que destaco é acompanhar a produção do Programa Reis do Rio (Rede Record/Youtube) como cinegrafista, fotógrafo e editor. Pois nesse projeto visitamos diversos lugares tanto do Estado do Amapá, quanto do Norte e Brasil, o que é de grande valor para o meu repertório visual e consequentemente trata do meu principal objetivo com a fotografia autoral que é mostrar o mundo através do meu olhar, principalmente a vida amazônica. quantos aos meus planos, deixo a fotografia me mostrar o caminho e me levar até ele.