A fotografia foi para Duda Dusi como um lar, um lugar onde se sentia à vontade para se expressar. Formada em jornalismo, ela seguiu carreira inicialmente como repórter fotográfica. Foi nessa função que registrou em maio de 2021 a foto intitulada “As cores da luta”, uma das finalistas na categoria Imagem Destacada do Prêmio Portfólio FotoDoc 2023.
A foto é uma síntese dos tempos pandêmicos no Brasil, feita durante as primeiras manifestações contrárias à forma como o governo de Jair Bolsonaro administrava a questão, em meio à apreensão pela falta de vacinas.
Por conta das dificuldades do mercado jornalístico, Duda Dusi migrou para a fotografia de famílias, embora ainda atue na cobertura de algumas pautas de seu interesse. Descubra um pouco de sua história.
Quantos anos tem? Onde vive e trabalha atualmente?
Tenho 30 anos, sou natural do Rio de Janeiro, vivo e trabalho na minha cidade.
Conte um pouco da sua trajetória pessoal na fotografia. Quando começou a fotografar e por que? Qual papel tem a fotografia em sua vida?
Comecei a fotografar na adolescência, com 16 anos e não parei mais. Não me identificava com a escola, mas a arte sempre mexeu comigo. Como não conseguia me identificar com o modelo de educação que eu era inserida, a fotografia funcionou como um lar para mim, um lugar onde eu conseguia me expressar. Com 20 anos entrei para o curso de jornalismo e me formei em 2019. Essa formação aperfeiçoou meu olhar para um lado mais humano e documental. Hoje trabalho fotografando pessoas, vivo 100% de fotografia. Não é apenas uma paixão, eu vivo dela. A fotografia é tudo na minha vida.
Conte um pouco sobre seu trabalho finalista do PPF 2023. Quando e onde foi realizado? Qual a proposta? De que maneira e em que medida ele se encaixa em sua produção fotográfica?
Essa fotografia, “As cores da Luta”, foi tirada em 29 de maio de 2021, na primeira manifestação que aconteceu no Rio e em todo Brasil, contra o governo da época, de Jair Messias Bolsonaro. Era um período bem difícil para todos nós, em um cenário pandêmico, sem vacina, com muita desinformação estimulada pelo presidente, com muitas mortes por causa do vírus e muita miséria, muita fome.
A foto foi feita na Cinelândia, na frente da Câmara Municipal do Rio de Janeiro. Por ser tratar de fotojornalismo puro, essa fotografia não foi feita propositalmente, eu registrei uma manifestação na rua. Claro que se tratando dessa foto, há inúmeros significados, mas nada foi intencional, eu registrei o que estava acontecendo e essa foto conseguiu sintetizar muitos sentimentos. Essa fotografia se encaixa da minha produção documental e jornalística. Nesse período me dediquei exclusivamente ao fotojornalismo, mas com a minha linguagem, porque como eu era uma fotojornalista independente, eu tinha uma grande liberdade de criação. Fui atrás de pautas com as quais eu me identificava e considerava relevantes naquele período.
Em quais projetos trabalha atualmente? Quais seus planos para o futuro próximo em termos de produção fotográfica?
Atualmente me dedico à fotografia documental de famílias. Minha paixão por fotografar pessoas me move, gosto de me conectar com os meus clientes e criar memórias para as suas gerações. Nunca vou deixar de ser fotojornalista, me dediquei 3 anos ao ofício, me dediquei às manifestações de rua, à causa indígena, trabalhei em ONGs e colaborei com alguns veículos de comunicação, mas por causa da dificuldade de me sustentar no mercado de jornalismo, fiquei muito infeliz com a minha profissão e mergulhei de cabeça no meu projeto de famílias.
Um dos meus planos para o futuro é trazer diferentes construções de família para serem protagonistas das minhas histórias e das suas próprias histórias. Quero mostrar, através do meu trabalho, o quanto às mulheres estão na base do cuidado familiar.