Após se aposentar na área de Tecnologia da Informação, Elias Oliveira fez um curso de fotografia no Senac em Pernambuco, onde vive, e lançou-se na carreira de fotógrafo documental. Os primeiros trabalhos fotográficos sobre o Recife, o maracatu rural e os oleiros foram o caminho para desenvolver a técnica fotográfica e para amadurecer o olhar antes de se lançar em um projeto de longo prazo sobre o sertão nordestino, intitulado Sertão Imponente, que vem amealhando premiações desde 2018.
Elias Oliveira é um dos finalistas do Prêmio Portfólio FotoDoc 2023 na categoria Imagem Destacada com Pedestres, foto realizada em 2016 no centro de Recife. Tomada desde um ponto de vista rebaixado, mostra de maneira dinâmica o movimento de pernas dos passantes, representando de maneira icônica uma das mais movimentadas metrópoles brasileiras.
Conheça um pouco mais da trajetória e do trabalho de Elias Oliveira.
Quantos anos tem?
64
Onde vive e trabalha atualmente?
Moro em Jaboatão dos Guararapes, PE (região metropolitana do Recife), sou aposentado, aficionado pela fotografia documental e gosto muito de viajar e fotografar na região do semiárido nordestino.
Conte um pouco da sua trajetória pessoal na fotografia.
Iniciada tardiamente aos 55 anos, após a aposentadoria, logo me tornei um entusiasta da fotografia documental, pela vontade e satisfação de realizar trabalhos fotográficos com liberdade e autonomia.
O que motivou, ainda mais, a continuidade dos trabalhos. foram os resultados obtidos com atual projeto “Sertão Imponente”, entre eles:
2018 – Participação Mostra de Portfólios, 8º Festival de Fotografia de Tiradentes;
2018 – Publicação na edição #8 da Revista PBMAG;
2019 – Participação na exposição dos ganhadores, no 15º Paraty em Foco;
2019 – Vencedor 13º Prêmio New Holland Fotojornalismo, categoria “campo/aficionados”;
2019 – Participação na IV Bienal do Sertão de Artes Visuais, no Museu do Piauí;
2020 – Publicação na matéria “Em busca da profundidade”, #281 Revista Fotografe Melhor;
2021 – Participação na exposição do Grande Prêmio Fotografe;
2021 – Participação na exposição dos ganhadores, no 17º Paraty em Foco;
2021 – Prêmio Sesc Guadalupe de Fotografia “Natural de Pernambuco”;
2022 – Participação no 8º Pequeno Encontro de Fotografia, Olinda, PE; retratando o Sertão Nordestino
Quando começou a fotografar e por que? Qual papel tem a fotografia em sua vida?
Com formação na área de Tecnologia da Informação, só descobri a fotografia ao final de 2015, após um curso de qualificação no SENAC PE, em Recife. Desde então, venho me dedicando a projetos pessoais, cuja liberdade e diversidade de temas me permite aplicar, além dos conhecimentos técnicos e conceituais, meu olhar e meus valores.
A partir de 2016, dei início à realização de pequenos projetos na capital pernambucana e no interior, entre eles: “Recife em Preto e Branco”, em Recife; “Oleiro – Arte com Barro”, em Tracunhaém; “Maracatu Rural – No Ritmo do Baque Solto”, em Nazaré da Mata, cujos resultados atenderam plenamente as expectativas para aquele momento inicial.
Em meados de 2017, entusiasmado pela fotografia documental, entendi que era a hora de sair da zona de conforto e me dedicar a projetos que atendessem desejos e necessidades de cunho pessoal, profissional e social, comprometido em conciliar: o prazer e a satisfação de conhecer lugares e pessoas; a vontade de assumir, de vez, o papel de agente ativo na produção de memórias visuais; além de poder retribuir às pessoas com as próprias fotografias.
Conte um pouco sobre seu trabalho finalista do PPF 2023. Quando e onde foi realizado? Qual a proposta? De que maneira e em que medida ele se encaixa em sua produção fotográfica?
A captura da imagem “Pedestres” foi realizada numa movimentada faixa de pedestres, em 2016, na Av. Conde da Boa Vista, uma das principais avenidas do centro da cidade do Recife, PE. Por ter sido no início da minha trajetória fotográfica, a proposta era apenas de me familiarizar, exercitar e ganhar experiência num ambiente de rua, mas diante da apresentação de um cenário com muito potencial e bastante típico para o gênero, procurei explorar, ao mesmo tempo: o contexto apresentado, o ângulo, os elementos da cena e o momento certo para o click.
Em quais projetos trabalha atualmente? Quais seus planos para o futuro próximo em termos de produção fotográfica?
Desde 2017, quando decidi me dedicar à fotografia documental, venho desenvolvendo um projeto, denominado “Sertão Imponente”, tendo como temática o Sertão Nordestino, cuja concepção definiu como algo maior, significativo, consistente, de longo prazo, organizador e definidor de um modelo para a produção de conteúdo através de séries fotográficas, priorizando a construção de narrativas com ênfase na valorização e na identidade do povo sertanejo.
Diante da diversidade de temas que o Sertão Nordestino oferece, a primeira série do projeto, denominada “Vida de Vaqueiro” (2018 – 2020), foi inspirada na famosa missa do vaqueiro, realizada há mais de 50 anos, em Serrita – PE. Diante desse contexto, nasceu a vontade de apresentar à sociedade como essa identidade cultural, protagonizada pela figura do vaqueiro e mantida ao longo de décadas, se manifesta no dia a dia da região e o que a faz passar de geração em geração.
Durante o desenvolvimento deste primeiro tema, foram percorridos milhares de quilômetros entre Recife e o Sertão de Pernambuco, sobretudo, nos deslocamentos pela caatinga, em dezenas de comunidades, sítios e fazendas da zona rural, buscando conhecer, conviver, registrar o ambiente e os principais momentos que cercam o cotidiano do vaqueiro.
Diante da aceitação dos sertanejos em participar dos trabalhos e dos resultados obtidos na etapa de divulgação dessa primeira série, acredito na possibilidade de publicação do primeiro livro (vida de vaqueiro) e a certeza da continuidade do projeto, com o desenvolvimento dos próximos temas.