Desde a infância fascinado pela arte, Gabriel Santana abraçou a fotografia desde os 14 anos de idade, quando ganhou sua primeira câmera fotográfica. Vivendo em Carapicuíba, na Grande São Paulo, seu trabalho é voltado à crítica social, sem perder a sensibilidade e a ternura.
Com o ensaio Laços de Amor, Gabriel Santana é um dos finalistas do Prêmio Portfólio FotoDoc 2023. O trabalho mostra a relação de afeto entre Eliana e seu filho Gustavo, que tem Síndrome de Seckel. A proximidade com a temática das PCDs (pessoas com deficiência) se deu a partir de uma experiência pessoal, ao conviver com o sobrinho e afilhado Lucas Arthur, que tinha Síndrome de Down e morreu com 1 ano de idade.
Conheça um pouco mais da gênese do trabalho e da forma como Gabriel Santana encara a fotografia.
Quantos anos tem? Onde vive e trabalha atualmente?
Tenho 27 anos, moro e trabalho na cidade de Carapicuíba, zona oeste de São Paulo.
Conte um pouco da sua trajetória pessoal na fotografia. Quando começou a fotografar e por que? Qual papel tem a fotografia em sua vida?
Desde a infância, sempre fui fascinado por arte e já me imaginava no futuro atuando no ramo, só não sabia em que área até chegar aos 14 anos de idade, quando ganhei minha primeira câmera fotográfica, e desde o primeiro contato, ficou claro pra mim que era isso que queria seguir como carreira profissional. E na fotografia consigo explorar minha criatividade e potencial, e tenho um enorme prazer em trabalhar na área e levar a fotografia como um estilo de vida, profissional e pessoal.
Conte um pouco sobre seu trabalho finalista do PPF 2023. Quando e onde foi realizado? Qual a proposta? De que maneira e em que medida ele se encaixa em sua produção fotográfica?
Em 2021, fui convidado para se tornar um voluntário na ONG Chic é ser Solidário, fundada pela minha grande amiga Ester Santos em Carapicuíba, com a ideia de ajudá-los a registrar os eventos e ações que eles realizam anualmente nas comunidades e instituições da cidade. E em 2022, através deles, conheci o Intitulo Léa Rosenberg, onde atendem pessoas com deficiência mental e intelectual. E particularmente, desde o primeiro contato, eu senti uma forte ligação com as crianças e adultos que lá recebem atendimento, pois em 2018, vim a perder meu sobrinho e afilhado Lucas Arthur, com 1 ano de idade e que tinha Síndrome de Down.
Mesmo assim, pelo pouco tempo de convivência que não só eu, mas que minha família teve com o Lucas, fomos privilegiados a ter uma experiência incrível ao seu lado, como também aprendemos muito com ele, e apesar desse tempo ter sido curto com meu sobrinho, creio que seja o motivo que me despertou a idéia deste ensaio. E com a ajuda da presidente do instituto Keila Maria, conheci a Eliana, mãe do Gustavo, com a proposta de não só documentar a rotina dos dois, como também, de aprender com eles e tentar de alguma maneira extrair isso e passar adiante esse ensinamento e essência através das imagens.
E também homenageá-los, por serem um exemplo vivo de seres humanos que devem ser enxergados e terem seus devidos valores reconhecidos, para que não só o público, como também os órgãos responsáveis pela inclusão e assistência dessas pessoas com PCDs, vejam e tragam consigo questões dos seus direitos e melhores condições de vida que eles merecem e necessitam diariamente.
Em quais projetos trabalha atualmente? Quais seus planos para o futuro próximo em termos de produção fotográfica?
Reconheço que minha identidade visual é bastante voltada a conceitos e críticas sociais como base para desenvolver novos projetos e que é um tema que me traz um bem estar pessoal e espiritual, por trazer consigo idéias e conceitos que levantam questões e reflexões importantes a serem discutidas. Com isso, este ensaio Laços de Amor, é apenas uma de uma série que ainda irei realizar com outras pessoas PCDs, com o mesmo objetivo trabalhado neste ensaio, mas deixando em aberto descobrir e trazer conceitos e vivências novas com o andar do processo, o que tende a tornar único cada ensaio.