A fotografia tem o poder de eternizar instantes inusitados encontrados no dia a dia, mas essas ocasiões só se apresentam a quem sabe observar e está preparado para clicar na hora certa. Ao realizar uma saída fotográfica no Jardim Botânico de São Paulo, Humberto Pimentel conseguiu um desses registros inusitados, ao fotografar uma pessoa tirando um cochilo.
A presença do chapéu tapando o rosto nos remete a um passado em que muito mais gente usava esse acessório, dando um toque atemporal. Intitulada “Jardim Botânico”, a foto é uma das finalistas do Prêmio Portfólio FotoDoc 2024.
Humberto Pimentel trabalha com reprodução de obras de arte e tratamento de fotografias. Em paralelo, desenvolve uma produção autoral centrada em processos fotográficos alternativos e experimentais. Conheça mais sobre sua trajetória na entrevista abaixo.
Quantos anos tem? Onde vive e trabalha atualmente?
58 anos. Vivo e trabalho em São Paulo SP
Conte um pouco da sua trajetória pessoal na fotografia. Quando começou a fotografar e por que? Qual papel tem a fotografia em sua vida?
Comecei a fotografar no início dos anos 1990. Trabalhava no MIS/SP e lá aprendi a revelar e ampliar fotos em PB. Minha formação principal é em história na USP. Mas o cinema, o vídeo e sobretudo a fotografia sempre constituíram áreas de interesse. Assim acabei me enveredando por essas áreas. Fiz uma especialização em audiovisual e mestrado analisando a condição de trabalho do fotojornalismo na era digital. Antes um amor quase platônico, aos poucos fui direcionando meu trabalho para a fotografia. Trabalhei muitos anos no Itaú Cultural cuidando do acervo de fotografia e atualmente trabalho com reprodução de obras de arte e preparação (tratamento e edição de imagens) para livros, catálogos e exposições. Também fui professor universitário de fotografia por quase uma década ensinando Photoshop, imagem digital, fotografia e laboratório PB, fotografia autoral e processos fotográficos avançados e experimentais. Desta forma a fotografia constitui o meu meio de expressão desde os anos 1990 e tem me dado sustento há mais duas décadas.
Conte um pouco sobre seu trabalho finalista do PPF 2024. Quando e onde foi realizado? Qual a proposta? De que maneira e em que medida ele se encaixa em sua produção fotográfica?
Esta foto foi feita numa visita ao Jardim botânico no início dos anos 2000 quando fazia cursos de fotografia autoral com Vera Albuquerque e com Walter Firmo. Essa foi feita numa saída com a Vera. Foi feita com filme PB com uma Yashica Mat 6×6. Tinha essa pretensão de registrar o cotidiano inspirado em grandes mestres como Cartier-Bresson. De repente ao meio dia me deparei com essa cena de uma mulher dormindo, tomando sol e curtindo uma sesta no parque.
Em quais projetos trabalha atualmente? Quais seus planos para o futuro próximo em termos de produção fotográfica?
Mantenho minha atividade de trabalho com fotografia de obras de artes e tratamento e edição de imagem. Como projeto pessoal continuo pesquisando processos fotográficos alternativos e experimentais, que tenho me dedicado nos últimos dez anos. Também estou organizando e fazendo uma “curadoria” do meu próprio acervo de fotografias.