Fotojornalista independente de 33 anos radicada em São Paulo, Lola Silva constrói uma trajetória que transforma a lente em instrumento de visibilidade e denúncia. Com passagem pelo Coletivo NADA – onde explorou a fotografia como ferramenta de reflexão política e cultural – e pela Teia dos Povos São Paulo – onde registrou a resistência de comunidades indígenas –, ela desenvolve um olhar que privilegia histórias marginalizadas, acreditando no poder da imagem para preservar memórias e ampliar vozes silenciadas.
Sua imagem “Pose!“, finalista na categoria Imagem Destacada do Prêmio Portfólio FotoDoc 2025, é um registro vibrante da 1ª Marcha Trans Masculina realizada na Avenida Paulista em março de 2024. Mais do que documentar uma manifestação, a fotografia captura a potência, a celebração e a autoafirmação dos corpos trans masculinos ocupando o espaço público com arte e orgulho. O trabalho reflete seu compromisso em traduzir histórias de resistência através de um olhar que funde estética e narrativa política, questionando normas e construindo memórias que desafiam a invisibilidade. Assim como seus registros com povos originários, Lola busca criar imagens que sejam ao mesmo tempo íntimas e politizadas, onde a rua se transforma em palco de reinvenção identitária.
Conheça mais sobre esta trajetória e os projetos que exploram a maternidade como ato rebelde na entrevista que segue.


Quantos anos tem? Onde vive e trabalha atualmente?
Tenho 33 anos, moro em São Paulo, capital, e sou fotojornalista independente.
Conte um pouco da sua trajetória pessoal na fotografia. Quando começou a fotografar e por que? Qual papel tem a fotografia em sua vida?
Comecei minha trajetória no Coletivo NADA, um espaço colaborativo que usa a arte para reflexão sobre questões sociais, culturais e políticas. Lá, explorei a fotografia como ferramenta de transformação e denúncia.
Também atuei na Teia dos Povos São Paulo, onde convivi com comunidades indígenas e registrei suas histórias, lutas e resistência. Acredito que a fotografia é um meio de preservar memórias e ampliar vozes, especialmente dos povos originários, que seguem enfrentando grandes desafios para manter suas culturas e territórios.


Conte um pouco sobre seu trabalho finalista do Prêmio Portfólio FotoDoc 2025. Quando e onde foi realizado? Qual a proposta? De que maneira e em que medida ele se encaixa em sua produção fotográfica?
Registrei este ensaio durante a 1ª Marcha Trans Masculina, na Avenida Paulista, região central de São Paulo, no dia 03 de março de 2024.
A proposta era documentar a potência, a resistência e a celebração dos corpos trans masculinos em um espaço de luta e autoafirmação. As imagens capturam não só a manifestação política, mas também a expressão cultural única que emerge quando a comunidade ocupa as ruas com arte e orgulho.
Este trabalho dialoga diretamente com meu compromisso de usar a fotografia como ferramenta de visibilidade e denúncia, especialmente para grupos marginalizados. Assim como nos registros das comunidades indígenas, busco traduzir histórias de resistência através de um olhar íntimo e político, onde a estética e a narrativa se fundem para questionar normas e construir memórias.
Em quais projetos trabalha atualmente? Quais seus planos para o futuro próximo em termos de produção fotográfica?
Atualmente, dedico-me ao projeto “Mães Libertárias”, um ensaio documental que explora a maternidade dentro da cena punk. O trabalho captura a contradição e a potência de mulheres que criam seus filhos sob uma ética anticonformista, desafiando noções tradicionais de família. Através de retratos íntimos e cenas do cotidiano, busco mostrar como a maternidade pode ser um ato político – tão rebelde quanto um show em porão.
Tenho acompanhado e documentado também o Povo Dofurém Guainá em sua retomada cultural e territorial na Zona Leste de São Paulo.
Para o futuro, pretendo ampliar o escopo geográfico do projeto, registrando mães de diferentes subculturas urbanas em diversas regiões do país, junto com uma exposição.

