Fotógrafo documental atuando de maneira independente em projetos de longo prazo, Tadeu Vilani se dedica principalmente ao registro de temáticas ligadas à realidade da região sul do Brasil. Baseado em Porto Alegre, ele tem extensa documentação sobre o pampa gaúcho, que se estendeu também para regiões vizinhas no Uruguai e na Argentina.
Atento à pouca representação do papel feminino na lida das estâncias em livros de fotografia e em pinturas sobre o pampa, Tadeu Vilani passou a fotografar mulheres nesse contexto. É para suprir essa lacuna que surgiu o projeto Mujeres del Campo, que é um dos finalistas na categoria Portfólio do Prêmio Portfólio FotoDoc 2023.
Conheça um pouco mais sobre o trabalho do fotógrafo e seus projetos de documentação.
Quantos anos tem? Onde vive e trabalha atualmente?
Tenho 58 anos, vivo em Porto Alegre, RS.
Atualmente venho desenvolvendo projetos documentais de forma independente, e sem nenhum vínculo empregatício.
Conte um pouco da sua trajetória pessoal na fotografia. Quando começou a fotografar e por que? Qual papel tem a fotografia em sua vida?
Comecei efetivamente a fotografar em 1994, o motivo especificamente não existe, e podem ser vários. Acredito, o que me levou a fazer fotografia foram as influências da vida, na infância, em minha casa, em Santo Ângelo, RS, a televisão em P&B fez parte desde o nascer até a faze jovem, as películas de celofane, vermelho, azul, amarelo que se colocava em frente a tela da tv, para simular uma cor, criavam uma fantasia, assim como os filmes em preto e branco, muito comuns na década de 70, e quando descobri o cinema neo realista italiano, foi decisivo para querer ser fotógrafo. Tudo isso foi determinante para eu querer ser um contador de histórias, além da vontade de conhecer culturas, pessoas. A fotografia foi a forma que descobri para me expressar, me comunicar e tentar entender o meu entorno.
Conte um pouco sobre seu trabalho finalista do PPF 2023. Quando e onde foi realizado? Qual a proposta? De que maneira e em que medida ele se encaixa em sua produção fotográfica?
O trabalho “Mujeres del Campo”, é um processo de amadurecimento da documentação que venho realizando desde 2011, referente ao pampa gaúcho, que já tem um livro lançado em 2015, intitulado “Olhos do Pampa. Comecei pelo estado do Rio Grande do Sul, onde resido, e posteriormente expandi pelo Uruguai e a Argentina.
Este trabalho procura preencher uma lacuna, referente à presença feminina no campo, em pesquisas realizadas em livros de fotografia que tive alcance, dos três países, de fotógrafos que fotografaram a temática da presença do homem no pampa. Pouco é o espaço, ou quase nenhum nos livros da presença feminina.
Se formos para pintura dos grandes pintores que tiveram o campo como temática em seus trabalhos, a mulher raras vezes ocupa a posição de destaque, elas aparecem, mas quase sempre como coadjuvantes.
Olhando para este contexto, estou buscando preencher esta lacuna, já no próximo livro que pretendo lançar até setembro de 2024, proporcionando espaço bem amplo para a mulher do campo, que, junto com o homem, é fundamental no cotidiano das estâncias.
Em quais projetos trabalha atualmente? Quais seus planos para o futuro próximo em termos de produção fotográfica?
Os projetos que venho me dedicando é a conclusão da documentação fotográfica, ainda este ano, para o lançamento do livro do pampa, envolvendo os três países, e junto com mais dois fotógrafos, fazer uma contextualização dos descendentes de imigrantes italianos no Brasil, para a comemoração dos 150 anos de imigração italiana, que vai ser 2025.
Desejo fazer um livro, para 2027 ou 2028, só com a presença feminina no campo, ou muito ligadas ao campo, mesmo vivendo na cidade. O importante é o sentimento, estar conectado ao lugar, mesmo não estando constantemente vivendo no campo.