William Filgueira tem uma trajetória no design e na direção de fotografia. Paralelo à sua atuação profissional, é adepto da fotografia de rua. Em uma série recente, vem voltando suas lentes para compreender o atual desgaste das relações humanas, em meio a uma crescente substituição das relações físicas por interações virtuais.
A imagem intitulada “Fábrica”, finalista na categoria Imagem Destacada do Prêmio Portfólio FotoDoc 2023 é exemplar nesse sentido. Exibe pessoas absortas, a maioria delas com as atenções voltadas para os celulares em suas mãos, nas escadas rolantes do metrô de São Paulo.
Entenda como esse trabalho se insere na produção fotográfica de William Filgueira.
Quantos anos tem? Onde vive e trabalha atualmente?
Tenho 31 anos, vivo em São Paulo, na capital e atualmente trabalho no Grupo UOL
Conte um pouco da sua trajetória pessoal na fotografia. Quando começou a fotografar e por que? Qual papel tem a fotografia em sua vida?
Tive meu contato em primeiro grau com a fotografia durante o curso de Design na faculdade, antes disso já havia feito alguns projetos fotográficos bem específicos, mas fui durante esse período na faculdade que a vontade de fotografar aflorou.
Nessa época, tive um professor de fotografia, Rogério Nagaoka que, em suas aulas, me ensinou a ter um olhar mais profundo em relação à fotografia. Nesta época comecei a fazer fotografia de rua como um projeto pessoal influenciado por alguns trabalhos de German Lorca e Robert Doisneau. Após a faculdade fiz um MBA em cinema e tive a oportunidade de ter aulas com o Eric Luchini e Fernanda Riscali, dois diretores de fotografia que admiro muito o trabalho.
Durante esse período, participei de alguns curtas-metragens desempenhando os papéis de diretor de fotografia, editor, colorista e compositor. Em 2019, assumi a direção de fotografia e a supervisão de efeitos visuais do longa-metragem “Sobre Viver”, dirigido por Ananda Karenina e Tamires Stampini..
Conte um pouco sobre seu trabalho finalista do PPF 2023. Quando e onde foi realizado? Qual a proposta? De que maneira e em que medida ele se encaixa em sua produção fotográfica?
O trabalho foi realizado em abril e faz parte de uma pequena série de fotos cotidianas que retratam o desgaste das relações humanas e a substituição de relações físicas e presentes por relações sintéticas e digitais e um excessivo consumo de conteúdo.
A ideia de tentar capturar de alguma forma um reflexo das relações humanas e o consumo excessivo de conteúdo surgiu no começo deste ano, na época estava levando uma câmera pequena com uma pequena 24mm para qualquer lugar que fosse.
Em quais projetos trabalha atualmente? Quais seus planos para o futuro próximo em termos de produção fotográfica?
Atualmente estou finalizando um projeto de cinema independente em que fui diretor de fotografia. A temática das relações humanas ainda esta soando muito forte em meus ouvidos, para um futuro próximo pretendo explorar esta temática em fotos mais ensaiadas, em um estúdio ou locação.