Vivendo em Manaus (AM), Williams Felix se dedica a capturar o cotidiano do povo amazônida, com foco nos estivadores que abastecem a principal feira do centro, assim como o povo ribeirinho nas comunidades próximas à cidade.
Em 2023, durante uma seca histórica que atingiu o Amazonas, ele realizou um registro desolador: dragas de garimpo ilegais, destruídas e abandonadas no leito seco do Rio Negro após uma operação da Polícia Federal e do IBAMA. A imagem intitulada “Garimpo Ilegal Sucumbe à Seca” é uma das finalistas do Prêmio Portfólio FotoDoc 2024.
Na entrevista que segue, Williams Felix relata como fez essa imagem e revela um pouco sobre sua trajetória e projetos. Conheça.
Quantos anos tem? Onde vive e trabalha atualmente?
Tenho atualmente 36 anos e trabalho atualmente como engenheiro.
Conte um pouco da sua trajetória pessoal na fotografia. Quando começou a fotografar e por que? Qual papel tem a fotografia em sua vida?
Desde pequeno, sempre fui fascinado por fotografia, mas nunca tive a oportunidade de praticar. Durante a pandemia, decidi investir em uma Canon T3i e comecei a estudar fotografia por conta própria, aproveitando o tempo em casa durante o lockdown. Passei horas assistindo vídeos, aprendendo técnicas, e me inspirando em nômades que compartilhavam sua paixão pela fotografia.
Quando as restrições da pandemia foram relaxadas, comecei a fazer amizades com fotógrafos da minha cidade. Nas saídas fotográficas com eles, pude aprender na prática e desenvolver meu olhar fotográfico. No entanto, entre 2020 e 2022, precisei interromper meus estudos de fotografia devido à falta de tempo, já que estava focado em trabalho e estudos.
Em 2021, após sofrer uma perda significante, a fotografia teve um papel essencial para me ajudar a superar e enfrentar os momentos mais difíceis. Hoje, a fotografia é um hobby que amo profundamente e que pretendo manter por toda a vida. Já tive a oportunidade de fotografar amigos e familiares em momentos especiais, e cada clique é uma lembrança que guardo com carinho.
Conte um pouco sobre seu trabalho finalista do PPF 2024. Quando e onde foi realizado? Qual a proposta? De que maneira e em que medida ele se encaixa em sua produção fotográfica?
Meu trabalho finalista do PPF 2024 foi realizado em 2023, durante uma seca histórica que atingiu o Amazonas. A fotografia foi capturada nas proximidades da Ponte Rio Negro, em Manaus, e documenta um cenário impactante: dragas de garimpo ilegais, destruídas e abandonadas no leito seco do Rio Negro após uma operação da Polícia Federal e do IBAMA.
A proposta da imagem é chamar a atenção para a devastação ambiental causada pela exploração ilegal de ouro na Amazônia. As cicatrizes deixadas na lama seca e a fumaça das queimadas ao fundo são um testemunho da fragilidade do ecossistema amazônico e das consequências nefastas da exploração predatória.
Esse trabalho se encaixa profundamente em minha produção fotográfica, que busca sensibilizar o público sobre a importância da preservação ambiental. A imagem não é apenas uma documentação de um momento crítico, mas também um convite à reflexão sobre nossa responsabilidade coletiva na proteção da Amazônia e dos recursos naturais. A fotografia, para mim, é uma ferramenta poderosa de conscientização, e este trabalho exemplifica meu compromisso em usar a arte para promover uma mudança positiva.
Em quais projetos trabalha atualmente? Quais seus planos para o futuro próximo em termos de produção fotográfica?
Atualmente, estou dedicado a capturar o cotidiano do povo amazonida, focando nos estivadores que chegam ao beiradão da cidade de Manaus e abastecem a principal feira do centro, assim como o dia a dia do povo ribeirinho nas comunidades próximas à cidade.
Para o futuro próximo, meus planos envolvem continuar explorando e documentando essas realidades, aprofundando meu entendimento e conexão com a cultura e os desafios enfrentados por essas comunidades. Pretendo expandir essa série fotográfica, talvez até realizar exposições e publicações que possam levar essas histórias e imagens a um público mais amplo, sempre com o objetivo de valorizar e preservar a rica cultura e o meio ambiente da região amazônica.