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Onde a Pedra Fala

Três silhuetas se destacam no alto de uma rocha banhada pela luz dourada do amanhecer no Parque Nacional do Itatiaia. O sol desponta por trás das montanhas recortadas, lançando raios longos e cristalinos que iluminam o vale coberto de vegetação silvestre. Eles caminham em silêncio reverente rumo às pinturas rupestres ancestrais, guardadas pelas pedras e pelo tempo. O contraste entre sombra e luz revela a grandiosidade da natureza intocada, enquanto o céu límpido e profundo acolhe a jornada em busca da memória gravada nas rochas.

Onde a Pedra Fala

Cláudia Fernandes MoraesPorCláudia Fernandes Moraes
25 de dezembro de 2025
em Ensaio

Selecionado no Prêmio Portfólio FotoDoc 2026

As pinturas rupestres em Itatiaia não falam — sussurram.

São vestígios de um gesto antigo que não pretendia permanecer, mas permaneceu. Marcas feitas sem urgência de futuro, e que hoje nos atravessam como um sopro de tempo comprimido.

Neste ensaio, a fotografia não documenta: escuta.

A lente se aproxima da pedra como quem se curva diante de um corpo sagrado, reconhecendo que ali o tempo não passou — ele se acumulou. Cada fissura, cada pigmento, cada silêncio entre uma forma e outra carrega a respiração de muitos mundos sobrepostos.

As imagens revelam sinais que não pedem tradução.

Não são mapas, nem narrativas fechadas. São presenças.

Corpos ausentes que ainda insistem em existir no gesto, no traço, na repetição rítmica que ecoa o pulsar da montanha.

A pedra, aqui, é memória viva.

Não guarda o passado — continua acontecendo.

As marcas resistem não pela força, mas pela delicadeza: sobrevivem porque se misturam ao musgo, ao vento, ao esquecimento. Permanecem porque aceitaram desaparecer um pouco. Fotografar essas pinturas é um ato de escuta profunda.

É reconhecer que o humano já foi paisagem.

Que antes da palavra, houve o gesto.

Antes da imagem, houve o toque.

Este ensaio propõe um encontro lento.

Um convite para olhar sem decifrar.

Para sentir o tempo não como linha, mas como espiral.

Aqui, o passado não está atrás — ele caminha ao nosso lado, inscrito na rocha, esperando apenas que alguém pare e respire junto.

Gravadas com pigmentos da terra e da alma, as pinturas que repousam nas paredes da caverna há mais de seis mil anos, sussurram histórias de um tempo sem palavras. Traços em vermelho queimado e ocre dançam entre as curvas da rocha, como ecos visuais de rituais, caçadas e sonhos ancestrais. Cada símbolo pulsa com o sopro de quem, com mãos firmes e espírito atento, desejou eternizar o invisível. São vestígios de um mundo onde natureza e homem falavam a mesma língua, um idioma feito de gesto, silêncio e pedra. Ali, entre sombras e musgos, a arte se torna memória viva, um portal que une o presente ao sopro imemorial da
existência.
Ao tocar a pedra com os dedos tingidos de terra, fogo e fruto, aquele ancestral — há cerca de seis mil anos — não escrevia apenas com cor: escrevia com alma. Em silêncio, talvez dissesse aos que viriam: “Eu vi. Eu vivi. Eu sonhei.” Seus pensamentos corriam como vento entre as montanhas do Itatiaia, e sua mão, firme sobre a rocha, traçava o invisível: animais, formas geométricas, ritmos de um mundo onde tudo era sagrado. Ele podia estar contando uma caçada bem-sucedida, marcando a passagem de uma estação, agradecendo aos deuses ou ensinando os caminhos do espírito. Mas, mais que isso, deixava um vestígio de sua existência — uma ânsia profunda de ser lembrado, de que sua voz ecoasse mesmo quando o corpo já tivesse se tornado parte da terra. Seu gesto era poesia crua, um sussurro ancestral que, mesmo milênios depois, ainda desperta assombro em nossos olhos modernos: “Olhem, eu estive aqui. E era belo.”
Esta imagem revela a rocha como superfície de memória e gesto. Os traços ocres, quase dissolvidos pelo tempo, não se impõem como representação literal, mas como vestígios de um pensamento simbólico que antecede a escrita e desafia a linearidade da história. A pedra não é suporte passivo: sua textura, fendas e volumes dialogam com as marcas humanas, integrando natureza e cultura em um mesmo corpo sensível.
O que vemos não é apenas uma pintura rupestre, mas um campo de permanência e apagamento. As figuras insinuadas resistem à erosão e ao esquecimento, convocando o olhar contemporâneo a desacelerar e reconhecer outras temporalidades. A obra se situa no limiar entre visível e invisível, onde o sentido não se esgota na forma, mas se constrói na escuta atenta do que permanece.
Assim, a imagem propõe uma reflexão sobre ancestralidade, território e continuidade. Ao reinscrever esses sinais no presente, o olhar curatorial não busca decifrá-los por completo, mas preservá-los como pergunta aberta um testemunho de que a arte, antes de ser objeto, foi relação, rito e necessidade vital.
A imagem apresenta a rocha como um campo de inscrição onde tempo, corpo e cosmologia se entrelaçam. Os pigmentos avermelhados, diluídos pela irregularidade da superfície, sugerem
figuras em movimento, quase em trânsito entre presença e apagamento. Não há centralidade estável: o olhar percorre a pedra como quem lê um acontecimento expandido, em que matéria e gesto se equilibram.
O título implícito — equinócio — reverbera na composição como ideia de passagem e equilíbrio. Luz e sombra, visível e latente, passado e presente coexistem na mesma superfície, criando uma tensão silenciosa. As figuras não se impõem como narrativa fechada, mas como sinais rituais, marcas de uma relação sensível com o tempo cíclico e com a paisagem como território simbólico.
Assim, a obra se afirma menos como registro arqueológico e mais como experiência perceptiva. Ao convocar o espectador a desacelerar o olhar, a imagem propõe um encontro com outras temporalidades, onde a arte emerge como mediação entre o humano e o mundo — um gesto ancestral que ainda pulsa, mesmo à beira do desaparecimento.
Nesta imagem, o lagarto emerge da rocha como um vestígio de presença em estado de trânsito. O traço avermelhado, econômico e preciso, não busca a mimese, mas a evocação de um corpo em relação direta com a superfície que o sustenta. A irregularidade da pedra atua como coautora do gesto, fragmentando a forma e reforçando a ideia de movimento, passagem e adaptação.
O suporte não é neutro: suas fissuras, saliências e zonas de sombra tensionam a leitura da
figura, criando um campo onde o visível se mistura ao intuído. O desenho parece oscilar entre humano e animal, entre signo e abstração, abrindo espaço para múltiplas camadas simbólicas ligadas à caça, ao deslocamento e à sobrevivência. A imagem se constrói, assim, como narrativa incompleta, aberta à imaginação e à memória coletiva.
Mais do que representar, a obra inscreve uma relação ancestral com o mundo natural. O gesto pictórico afirma a rocha como território sensível e a imagem como ato de permanência. Ao ser reativada pelo olhar contemporâneo, essa marca antiga deixa de ser apenas vestígio arqueológico e se apresenta como experiência viva, onde arte, tempo e paisagem continuam a se entrelaçar.
Esta imagem opera no limiar entre paisagem e vestígio, onde a rocha se transforma em horizonte e o pigmento em atmosfera. As manchas diluídas, quase etéreas, não se organizam como figura central, mas como campo sensível, evocando um céu antigo inscrito na matéria da terra. A superfície mineral funciona como um território expandido, no qual cor, luz e textura se fundem em uma mesma respiração temporal. O olhar é conduzido pela linha irregular que separa claro e escuro, alto e baixo, como se a própria pedra encenasse um nascimento do mundo. Não há narrativa explícita, mas uma sensação de origem: um espaço onde o gesto humano se confunde com processos naturais, e a pintura parece menos aplicada do que revelada. O tempo aqui não avança — ele se deposita, camada sobre camada. Mais do que um registro, a imagem propõe uma experiência contemplativa. Ao suspender a distinção entre arte e paisagem, entre marca cultural e formação geológica, ela convoca o espectador a reconhecer a rocha como arquivo sensível e a imagem como acontecimento contínuo. Trata-se de um convite à escuta do que permanece, mesmo quando quase invisível.
Nesta imagem, a rocha deixa de ser mero suporte e se revela como corpo sensível da memória. As linhas ocres, traçadas com gesto direto e econômico, atravessam a superfície pétrea como vestígios de uma linguagem anterior à palavra escrita. Não representam apenas formas: instauram presenças. São marcas de um tempo profundo, em que o humano ainda se compreendia como extensão da montanha, do abrigo, do ciclo natural. A composição sugere um diálogo silencioso entre o traço e a luz. O jogo de sombras que percorre a pedra não apenas revela o relevo, mas ativa a imagem, como se os sinais despertassem conforme o deslocamento do olhar. Há uma tensão delicada entre permanência e dissolução: o pigmento resiste, mas já começa a se confundir com o próprio mineral, lembrando que toda tentativa de registro é também um gesto de entrega ao tempo.
As linhas verticais e diagonais evocam movimento, contagem, passagem — talvez corpos, talvez caminhos, talvez rituais. Não se trata de decifrar, mas de escutar. A imagem propõe uma experiência de contemplação arqueológica e poética, em que o passado não é reconstruído como narrativa linear, mas percebido como camada sensível ainda pulsante no presente. Inserida no contexto das paisagens do Itatiaia, esta fotografia reforça a noção de sítio como arquivo vivo. O abrigo rochoso não guarda apenas sinais gráficos, mas uma ética ancestral de relação com o mundo: marcar sem dominar, inscrever sem apagar. Assim, a obra convida o espectador a reconhecer a fragilidade e a potência desses registros e a refletir sobre nossa própria responsabilidade diante da memória, da paisagem e do tempo que insiste em nos atravessar.

 

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Cláudia Fernandes Moraes

Cláudia Fernandes Moraes

Minha prática de artista-fotógrafa se constrói a partir de um olhar que busca constantemente tensionar o visível e instaurar novas formas de percepção. Meu processo criativo, em permanente movimento, tem na natureza, no ser humano e no Cosmo suas principais fontes de investigação. Opero na interseção entre contemplação e questionamento, produzindo imagens que deslocam a experiência cotidiana e convidam o espectador a revisitar o que acredita conhecer. Nos últimos anos, a presença crescente da poluição nas paisagens naturais tornou-se um vetor determinante de meu trabalho. Não mais como elemento periférico, mas como protagonista de um debate urgente. Nas composições, resíduos e interferências ambientais — muitas vezes invisibilizados ou naturalizados — emergem como sinais de um tempo que se acelera e se deteriora simultaneamente. No ensaio O Amanhã é Hoje, as imagens não se restringem ao registro; operam como testemunho e denúncia, revelando o impacto silencioso da ação humana sobre ambientes outrora preservados. Enquanto artista transito por técnicas variadas, valendo-me de cor, movimento de forma rigorosa e conceitual. Quando presente, o tratamento digital não atua como ornamento, mas como ferramenta crítica: intensifica contrastes, explicita tensões e evidencia fissuras na relação entre humanidade e território. Cada obra se constrói a partir de decisões formais — enquadramento, luz, cor e composição — que ampliam o sentido poético e político da imagem. As fotografias sublinham o estranhamento do sujeito contemporâneo diante de um mundo que se transforma por ação humana em escala planetária. Assim, os gestos que corrompem a paisagem tornam-se matéria estética e discursiva. Ao mesmo tempo, investigo a tentativa humana de domínio sobre o Cosmo, revelando tanto a potência criativa quanto a violência desse impulso. Minha trajetória se constrói num processo de observação, exploração e descoberta que resulta em imagens pensadas para convocar reflexão. A partir de uma visão pessoal e expandida da realidade, articulo questões ambientais, sociais e existenciais, propondo ao público uma experiência que vá além do olhar: uma experiência que exige reposicionamento, responsabilidade e consciência. Sã obras, ao mesmo tempo poéticas e inquietantes, que convidam a pensar o presente como território decisivo — onde o amanhã se forma, se fragiliza e, por fim, se anuncia.

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