Este projeto reúne retratos e relatos, colhidos ao longo de 2022, de pessoas que experimentaram sintomas do que tem sido chamado por especialistas de “névoa mental”. Uma condição de confusão mental que surge tanto pela quebra de rotina, imposta pelos momentos mais restritivos da quarentena, quanto como efeito colateral da infecção pela COVID-19.
Os sintomas são variados e incluem perda de memória recente, confusão de datas e nomes, esquecimento de palavras comuns do cotidiano, confusão sobre quando acontecimentos dos últimos anos ocorreram, entre outros. Embora passageiros, estes sintomas podem permanecer por tempo suficiente para que nos lembremos daquele período enevoado e, muitas vezes, doloroso.
Carol – “O tempo mudou. Pra mim ele não passa. Parece suspenso. Antes da pandemia, gostava de não fazer nada. Hoje, uma hora sem ter o que fazer, virou tempo demais.”Bruno – “Passei a me esquecer de compromissos e me atrasar, porque os dias parecem iguais e se confundem.”Adriana – “Esqueço palavras simples do dia a dia. Pra fazer pipoca, às vezes procuro ‘o milho que estoura’. É como se as palavras estivessem sumindo.”Andresa – “Sinto que perdi a memória curta. Faço perguntas aos pacientes e esqueço as respostas logo em seguida. Não era assim antes da pandemia. Minha memória sempre foi muito boa.”Gilvan – “Não me lembro de muita coisa que aconteceu em 2020. É como se 2019 não tivesse acabado.”Raphael – “Comecei a não saber facilmente o dia em que coisas recentes aconteceram. Algo ocorrido uma semana antes me parecia há meses de distância.”Renato – “Meus dias ficaram sem referência, todos iguais.”
Thiago Soares é natural de São Paulo, SP, e começou a fotografar em 2016. Após alguns anos dedicando-se a registrar paisagens urbanas e cenas do cotidiano da cidade, em 2020 passou a concentrar seu trabalho na produção de retratos. Desde 2022, é membro do fotoclube Bulb f/22.