“Temido”, dizia Jorge Amado, retratando o cacau de um tempo em que a riqueza brotava do sofrimento e do coronelismo. O “ouro negro” do sul da Bahia moldava destinos, alimentava impérios e, também, desigualdades. Era o tempo das fazendas imensas, dos homens poderosos e das sombras da vassoura-de-bruxa, que mais tarde varreria tudo.
Viajo ao sul da Bahia há três anos e tenho acompanhado e retratado de perto essa transformação admirável.
O que vejo é um novo cacau, que renasce das raízes do passado com uma alma regenerada.
Comparo com o famoso livro de Aldous Huxley, porque esse cacau floresce em outro mundo, com outros valores.
Não mais o cacau do medo, mas do cuidado.
Não mais o cacau da monocultura, mas da agrofloresta, da diversidade e do trabalho digno.
O cacau que era “temido” se tornou amado — por quem cultiva com respeito à terra, por quem transforma com paixão, por quem consome com consciência.
