Ver o Bom Jesus é mais do que encontrar uma imagem sagrada; é reconhecer sua presença viva nas ruas, nos rostos marcados pelo sofrimento, na dignidade silenciosa daqueles que lutam diariamente pela sobrevivência.
As fotografias deste trabalho buscam revelar uma realidade que muitos evitam enxergar: homens e mulheres em situação de rua, deitados nas calçadas, nas praças e nos cantos da cidade de Bom Jesus da Lapa. São pessoas que, apesar da vulnerabilidade, carregam em si a dor e, ao mesmo tempo, a beleza da resistência humana — e é nesse contraste que a face do Bom Jesus se manifesta.
Essas pessoas não podem ser invisibilizadas, muito menos excluídas do olhar cristão e solidário. Muitas já foram alcançadas por ações da assistência social, de voluntários e entidades religiosas que atuam com dedicação em nossa cidade. Algumas conseguem trilhar um novo caminho, outras, infelizmente, retornam ao ciclo do vício, marcado por recaídas. Cada história é única, complexa, e carrega sua cruz.
Há ainda aquelas cujos corpos revelam enfermidades, fragilidades físicas e emocionais, e que, mesmo assim, comunicam algo profundamente divino: a presença de um Deus que sofre junto, que não abandona, que se deita com eles nas calçadas da vida.
Estas fotos são um convite à compaixão. Um chamado para enxergar, através das lentes, o Bom Jesus que vive entre nós, não apenas no altar da Gruta Santa, mas nos irmãos e irmãs feridos pelas ruas, onde a fé se mistura com a dor, e a esperança insiste em florescer.
Porque, sim… eu vi o Bom Jesus. E Ele estava ali.








