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Tempo Suspenso

Marc DourdinPorMarc Dourdin
8 de março de 2024
em Portfólio

“Tempo Suspenso” é um projeto que une fotos e poesias propondo uma reflexão sensível sobre o momento de isolamento causado pela pandemia da COVID 19 no mundo.

O projeto surgiu de uma conversa entre o poeta e escritor Tadeu Rodrigues, o cineasta e fotógrafo Marc Dourdin, e a diretora e produtora de arte Flávia Machado, que no início da Pandemia sentiram a necessidade de registrar a melancolia, a incerteza, a tristeza e a esperança desse momento inesperado e propor uma reflexão artística e de acalento a partir da união das duas linguagens de maneira poética e subjetiva.

O projeto já nasce com um viés universal, os artistas não vivem na mesma cidade e trabalharam juntos de maneira remota. Assim, a própria linguagem do projeto foi de rompimento de fronteiras unificando sensações. Tadeu mora em Poços de Caldas (MG), já Marc e Flávia em São Paulo (SP). Essa troca de informações e referências de universos diferentes, uma grande cidade cosmopolita e uma cidade do interior de Minas, contrapostos, agregaram ainda mais diversidade e alcance ao projeto.

“Tempo Suspenso” se propõe a mostrar o cotidiano das pessoas comuns e as mudanças de hábitos e das próprias cidades nesse momento tão particular vivenciado pela humanidade. Essa mudança vai se percebendo diariamente, em todas as adaptações sofridas em nosso comportamento, nossas casas, nossos bairros, nossa cidade, nosso país. Como bem disse Tolstói: “Se queres ser universal, começa por pintar a tua aldeia.”

É interessante revisitar agora, em 2024, aqueles 100 primeiros dias tão intensos de pandemia. Ao rever as fotos e poesias produzidos no calor do momento, milhares de sentimentos, lembranças e pensamentos vem à tona e é possível sentir, e de alguma forma íntima reviver, aqueles dias que pareciam intermináveis, porém, neste momento, com algum distanciamento e uma visão mais fria e crítica sobre tudo o que vivenciamos.

O primeiro poema é referente à fotografia de capa deste Portfólio, na sequência vêm foto e texto correspondente:

Telhados

no destino
da cidade
os telhados
guardam
os que ficam

os que deixam
a janela aberta e,
num só lugar,
esperam a lágrima
secar.

os que se dizem inteiros
em meio à autopiedade

e às metades,
são só metades
fabricadas
pela saudade.

[Tadeu Rodrigues]

Gerações

pés de menino,
ainda hoje lhe digo
que estarei contigo
em alguma espécie
de paraíso,

ou naquela igreja grande
que só porque é grande
emociona,

ou nas formas
pós-impressionista
de lautrec
sob prejuízo
dos santos todos
com seus nomes
simples
e compostos
e sua missões.

ainda aprendi que
o ar forasteiro escapa,
porque às vezes
vem vaidoso
em forma de fumaça.

e falo baixo:
– que tenhamos saúde
o suficiente para perder,
fôlego para não chegar,
viver no meio e morrer
não muito antes de acabar;

se valho algo,
que seja para mostrar
para o andarilho
que ele também é rei.

e se suas mãos
emaranham às minhas
como um anel,

na hora certa
me leve um inventário
das poesias que aqui deixei,

e pode fazer
quando já for adulto
e reaprender a olhar
para o céu.

[Tadeu Rodrigues]
(in Memoriam Charlotte Bouvyer)

Loja de bonecas

olho a esperança
flertando com o desespero,
com a sutileza dos grandes
que iluminam as grades;

e experimento,
como criança,
esta estranha liberdade.

[Tadeu Rodrigues]

Máscaras

sai pela
porta
a boca.

sob fantasia,
o novo silêncio.

que não brinca mais
porque não é festa alguma,
nem carnaval.

cai do rosto
a máscara
do outro,
e eu olho
para a minha:
igual.

[Tadeu Rodrigues]

Vamos vencer!

descansa o passado
nesta nascente solitária
e resistente.
tombam os muros
e as fronteiras;
onde a utopia cede
ao submundo
e cai num sono
profundo.

[Tadeu Rodrigues]

O Sossego dos pombos

a humanidade
e seus desvarios,
pedaços de utopia
sobre os concretos;

mesmo que perdida,
de quando em quando,
olha o dia
que chama lá fora
para fazer sentido.

à humanidade,
os seus desvarios.

[Tadeu Rodrigues]

Sapatos

porta que bate. água que espirra da poça do chão do dia que chove, invade. dentro, espaço de gente que pensa, que pensa que cria e nada. que é do barulho, a música. do baralho, o buraco. do espelho grande do teto, o caco. gente que chega com tchau, que carrega o choro na mala. que aquece a água do corpo quando o coração ferve, e coa nos poros o (in)cômodo que falta.

[Tadeu Rodrigues]

 

Matando a saudade

na friagem de fora, vi seus corpos quentes;
não de febre, não de tédio, não de exaustão; de falta.

o que era para ser ar puro estava parado entre sílabas não audíveis, que emaranhavam ideações do que um dia fomos.

uns mais dedos, outros braços, outros pecados, outros pedaços, outros inteiros.

a velocidade da luz que sai sobre seu telhado enquanto encosto no sol, faz-me brisa chegando em casa, ainda que de portas fechadas.

[Tadeu Rodrigues]

Serviços essenciais 

outros tipos de disparo,
aqueles números edificando
os submundos que romanceiam
a coragem rápida;
e, desentendidos,
não pedimos desculpas.

percorrem a insolência
panfletária da ausência,
velando o corpo presente;

não queremos que faltem.
não sei na minha vez.

escondem-nos
no cheiro da comida,
carregando a escassez.

[Tadeu Rodrigues]

Paladar

entendendo as resistências,
alguém está mais acordado
do que outros,
limpando as facas afiadas.
sabendo que esses anos
serão dos mais esquisitos começos,
numa nova forma de sentir dor,
misturada a uma nova forma
de sentir sabor nas bocas
que não são mais as mesmas.
voz cheia daquele que invade
engolindo paz. e ouve sinos
que anunciam as cheganças
dos que despertaram tarde demais.

[Tadeu Rodrigues]

O vendedor de mandioca

aí eu viveria sempre que quisesse ser criança. que eu chegasse apertado para o abraço e molhado pelo suor das brincadeiras de gente que não precisa saber o quanto é dolorido crescer.

nem saída de adulto que atrasa as contas e gasta pouco com comida.

rouquidão da velocidade que pede dinheiro em troca de coisas que alimento, e alimento você e a sua família, e me alimento inteiro dentro das crônicas que vivem no barulho de tudo que vejo, parece que ninguém vê ou ninguém sabe ou ninguém crê.

feito ciranda de roda, eu giro até a perna se cansar de chegar numa esquina e outra, num trocado e outro, não como antes, quando correr era se entregar inteiro sem precisar entender.

[Tadeu Rodrigues]

De volta às atividades 

parte insólito,
extraordinário.

o mundo parece calmo,
eu não.

o mundo não está pronto,
as vitrines precificadas sim.

eu assisto como se eles
estivessem num palco
e eu não estivesse em mim.

[Tadeu Rodrigues]

No metrô

pedem calma,
ainda ontem corriam.
porque a velocidade
do movimento de rotação
da terra
– e dos seus universos –
desenha conceitos que
são outras coisas agora:
firmam novos sentidos
ao presente,
hoje é só o que tocamos.

[Tadeu Rodrigues]

 Operário

nunca terminam
seus recomeços,
nem as camas
desarrumadas;

nunca terminam
os pensamentos soltos
presos à estrada;

nunca terminam
as roupas suadas,
nem as memórias
machucadas;

nunca terminam
as suas disputas;

nunca terminam
as suas lutas.

[Tadeu Rodrigues]

Noite escura

chegou a hora de falarmos sobre o fim das nossas vidas. não como pensamos que seria: com um cortejo febril acompanhando vias cheias de saudade do tempo que aqui ficou.

hora do arremedo final das obras em construções eternas, que impelem segurança aos prédios e aos seus dinheiros, aos bancos e às suas falsidades, aos juros e às suas economias, a ficarmos mais frios e distantes; em um passividade incômoda que não cabe nem no menor cômodo do peito.

certos às amizades forasteiras, a melhor forma de abraçar é com a coragem – quem pensou que assim seria? ainda ontem os corpos todos se grudavam. os copos se misturavam. as crianças se embaralhavam aos corres, piques, cantigas, rodas, joelhos ralados, areia na roupa, suor, relento.

na finitude toda de sermos quem somos. de ser quem a gente quisesse, como se o destino da menina fosse uma corda puxada pelo infinito. como se o destino fosse um poço sem fundo.

e a luz apagou mais cedo. as portas se fecharam porque não se pisa mais pés à toa. há a tosse que mescla os olhos salientes com um pequeno pedaço de rosto. os sorrisos estão cobertos por panos neste momento. as bocas escondidas são só vozes abafadas, que prendem a respiração e sufocam uma luta a um por todos e todos por um egoísta que transpassa as regras, funesto.

porque está tudo escuro que não entendemos. como murmúrio de vizinho que bebe sozinho. como uma nota perdida soando em bemol. como os esquecidos são os que mais rezam. e a busca pelo remédio esbarra na fila da vida lotada de espera.

[Tadeu Rodrigues]

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Marc Dourdin

Marc Dourdin

Diretor de cena e fotógrafo Still, atua no mercado audiovisual desde 2002. Em fotografia é um dos criadores da série “Tempo Suspenso”, feita nos 100 primeiros dias da pandemia, em parceria com o escritor e poeta Tadeu Rodrigues e a diretora de arte Flávia Machado. A série lançou um olhar sobre o confinamento e a realidade que se colocava naquele momento, através de fotografias e poesias, que provocavam uma reflexão a partir de situações cotidianas. Na série de fotografias “Flamenco SP”, feita com em parceria com a bailarina Priscila Grassi, Dourdin busca o contraste entre uma cobertura de uma ocupação no centro de São Paulo, cheio de texturas, grafites e a imponência do skyline da cidade, e a força e beleza da dança flamenca, rica em expressões e adornos. Em cinema, dirigiu 4 documentários de longa-metragem e 1 curta-metagem doc. Recebeu prêmio de público de melhor documentário na 39ª Mostra Internacional de cinema de SP pelo longa-doc "Monstros do Ringue”, e prêmio de melhor curta documentário no festival Vale Curtas 2011 pelo filme "A Passagem". Em 2019 teve seu Documentário "Ultraje" lançado comercialmente em 19 cidades pelo Brasil, com distribuição da Elo Company, na rede Cinemark pelo "Projeta às 7".

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