O objetivo de Cápsula foi/é o de dar visibilidade a trabalhos e relações de trabalho arcaicas ainda existentes no contemporâneo. Visibilizar os invisíveis de um sistema que só abre espaço para aqueles que se alinham as forças do capital como consumidores. Ou seja, Cápsula nasce de um desejo de tornar visível a faina de trabalhadores de atividades insalubres, no caso específico de trabalhadores de carvoarias existentes no centro urbano da cidade do Rio de Janeiro. Todavia, o universo que abarca poderia estar em qualquer cidade ou país de um mundo globalizado, onde a miséria, a exploração do outro e a pobreza são os produtos por excelência gerados.
Cápsula, portanto, busca possibilitar a visibilidade de uma realidade desconhecida da grande maioria e que se passa em pleno centro urbano. Realidade que se acreditava ter ficado nos séculos passados.
Nas fantasiosas visões do futuro no passado indicava-se um mundo asséptico e funcional onde todas as tarefas perigosas ou tediosas seriam desempenhadas por robôs, enquanto os seres humanos conjugariam o mínimo de trabalho com um máximo de lazer. Constata-se agora que nada disto aconteceu como previsto. Os pobres, principalmente, continuam a arriscar a vida e a deteriorar a saúde no desempenho de tarefas insalubres e desumanas. Dentre os grupos que se dedicam a estas profissões arcaicas, os carvoeiros são dos mais peculiares, pois empregam métodos obsoletos e possuem uma organização de trabalho antiquada para uma atividade que mais do que uma profissão parece ser uma servidão.