A fotografia integra minha pesquisa como possibilidade expressão poética do que, em conciliação de luzes e cores, eleve à condição de arte dimensões periféricas da existência humana que subsistem sob a aura da invisibilidade e do isolamento.
Sob efeito de lentes analógicas busco composições e enquadramentos para reconstituir rastros de histórias e emendar memórias que transitam entre o real e o imaginário sobre lugares e coisas.
Percebo os lugares como espaços sociais e campos temáticos de práticas homogêneas; e as coisas, postas em seu estado de repouso natural, como referências da presença humana, e assim me coloco em um ponto de observação vértice onde dialogam a normalização das urgências humanas, as experiências culturais e as liberdades de uma feminilidade casta nas delicadezas e sensualidades.
Ao longo de minha trajetória replico a percepção de mediações entre outros espaços, como as ilhas do Recôncavo Baiano e a Feira de São Joaquim, conformadas em delimitação conceitual do meu trabalho em espaços heterotópicos, principalmente transitórios e assim, sob uma forma de diário em imagens, retrato lugares e objetos em rastros indeléveis e íntimos que emendam fragmentos de memórias autobiográficas e que caracterizam, por representação, experiências sociais humanas em comunidade, trabalho e sistema cultural.