Em meados do século passado, em 1916, Judith Ferreira do Sacramento, conhecida como Mãe Judith, sacerdotisa filha de Xangô e de origem africana, fundou o Ilê Axé Icimimó, um terreiro de candomblé de matriz Nagô localizado na Terra Vermelha, zona rural da cidade de Cachoeira no Recôncavo da Bahia. Nesta cidade histórica, epicentro da reserva cultural afrobaiana, densamente povoada por populações descendentes dos povos que aqui chegaram escravizados advindos do continente africano, Mãe Judith deixou um legado marcante de fé, luta e resistência frente às perseguições da sociedade da época.
Ainda hoje a história de Mãe Judith continua viva. O Ilê Axé Icimimó conseguiu atravessar os tempos, resistindo ao racismo que estrutura a nossa sociedade, além de algumas mudanças sucessórias naturais e necessárias.
Atualmente, quem está à frente da casa é o Babá Duda de Candola, dando continuidade aos trabalhos do seu saudoso pai, o grande Balalorixá Candola, que o antecedeu e também figura na linha sucessória da célebre fundadora da casa, a Mãe Judith.
Essas 15 fotos fazem parte de um trabalho de documentação fotográfica que foi iniciado há pouco mais de uma década com uma finalidade estética-antropológica e acabou também, posteriormente, auxiliando nas instruções dos processos de tombamento.
O Ilê Axé Icimimó é tombado pelo IPAC, e recentemente foi tombado oficialmente também pelo IPHAN, visando a total salvaguarda dos seus saberes, práticas ritualísticas ancestrais e do seu território. Aganju Didè. Axé!