As margens do rio Envira, na Amazônia Acreana, as mulheres Huni Kuî mantêm viva uma linhagem de sabedoria, força e criatividade que entrelaça os mundos espiritual e material. Por meio deste projeto, busco homenagear as mulheres Huni Kuî como figuras centrais em sua comunidade, responsáveis por manterem viva e forte a cultura de seu povo a cada geração.
Segundo as histórias do povo Huni Kuî, foi uma Jiboia encantada quem ensinou às mulheres a arte da tecelagem e a de desenhar os Kene, os padrões geométricos.
Esses conhecimentos, transmitidos por meio de sonhos, visões e da prática comunitária, é preservado até hoje pelas mulheres da aldeia. Por meio de suas mãos, o espírito da floresta se torna visível nos tecidos, nas pinturas corporais e nos artesanatos que produzem. Os grafismos não são apenas decorativos, são também orações visuais que simbolizam elementos da natureza e da vida, e invocam a força e a proteção de animais e seres da mitologia Huni Kuî.
As mulheres também são as responsáveis pelo feitio de Urucum, o pigmento vermelho vibrante extraído das sementes e usado na pintura corporal. O preparo e a aplicação do urucum não são apenas um ritual estético, mas um ato simbólico que conecta o presente ao passado ancestral e protege tanto o corpo quanto o espírito.



