A região metropolitana de São Paulo atrai milhares de imigrantes andinos, vítimas do tráfico de pessoas, para serem submetidas a trabalho escravo na indústria do vestuário. De 2010 até hoje, somente nesta atividade, foram resgatados centenas de trabalhadores, oriundos da Bolívia, Paraguai e Peru.
O sweating system é esse processo de exploração e precarização a que são submetidos os imigrantes, consolida-se como local de trabalho e metáfora de uma situação determinada. Eles são obrigados a trabalhar por mais de 14 horas diárias para receber valores abaixo do mínimo. No âmbito residencial, o controle estatal se torna ainda mais escasso, remontando a uma condição com resquícios do feudalismo e no qual os direitos fundamentais simplesmente não existem.
O termo sweatshop ou sweating system surgiu em 1850, na Inglaterra. Essa método se caracterizava por oferecerem trabalhos precários, jornadas exaustivas, trabalho infantil, baixos pagamentos e ambientes insalubres. As sweatshops rapidamente se espalharam pelo mundo, empregando principalmente mulheres, migrantes que vinham do campo e imigrantes.
Este projeto, realizado de 2019 a 2022, principia por revelar, num ensaio-documento, essa realidade vivida nas oficinas de costura em São Paulo, dentro da cadeia produtiva de grandes marcas de luxo ou voltadas para abastecer o comercio informal com peças falsificadas. O projeto espera contribuir para a visibilidade e a discussão sobre esta prática social pela qual um ser humano assume a propriedade de outro ser humano.