Segundo a arqueóloga e pesquisadora Adriele de Oliveira em seu livro Favela a flor em Resistência / o lugar Ausente, a Favela do Nove surge em 1972 como remanescente da favela do Sapo, que foi contemplada com o programa habitacional Cingapura, foram erguidos 20 prédios de cinco andares totalizando 400 moradias, após a ocupação dos quatrocentos apartamentos alguns moradores que não foi beneficiados com o programa de habitação popular migraram para área onde hoje se localiza a Favela do Nove. Em 2015 a comunidade do nove habitava aproximadamente 270 famílias.
O nove vem passando por um processo de urbanização nos últimos dez anos, o PIU Leopoldina (Projeto de Intervenção Urbana), no qual prevê a construção de apartamentos em um terreno próximo da comunidade.
A Favela vai sair! Mas como ficam as memórias das pessoas que moram aqui há mais de 50 anos? que nasceram, cresceram, casaram e criaram seus filhos neste espaço, pessoas essas que jamais saíram do território para morar em outro lugar, tudo que nós temos está relacionado a esse espaço. Eu como morador e fotógrafo me sinto na obrigação de manter essas memórias vivas, e foi a partir daí que surgiu a série Pequenos Pedaços do Nove, que nasce de inquietações e conversas com os moradores da Favela.
Por muito tempo fomos negados a contar nossas histórias, a antiga favela do Sapo que deu origem ao Nove não tem registros fotográficos sobre os seus becos, cores, arquitetura e moradores. Quando escuto algum morador(a) mais velho contando como era a favela do Sapo, crio uma imagem na minha cabeça que necessariamente não é como se deu aquele espaço, sinto falta de referências visuais, algo mais concreto. Tem um provérbio africano que nos diz assim: Quando não souberes para onde ir, olha para trás e saiba pelo menos de onde vens. Portanto o trabalho apresentado intitulado Pequenos Pedaços do Nove, tem o objetivo manter vivas as memórias da Favela do nove, criar um documento iconográfico para que as novas gerações possam ver e estudar o território.