A partir do momento que coloquei minhas mãos em uma câmera fotográfica meus olhos se voltaram para as minorias. Desde então, venho fotografando os moradores da Comunidade do Nove – favela essa onde moro. Este ato de fotografar meu local de moradia surgiu intuitivamente já que num primeiro momento ainda não existia uma pretensão de criar um produto fotográfico na forma de ensaios, fotolivros ou algo do tipo.
Foi então que ao visitar meu acervo fotográfico me deparo com as fotos aqui apresentadas. É quando permito que meu olhar vagueie por cada imagem dessas e percebo que estou tentando falar algo.
Fala essa potente que ecoa nessas fotos até se tornar um grito! Cada código imposto foi decifrado no momento dessa permissão do vaguear: o grito se tornou auto suficiente e vem às telas e papéis dialogar sobre as questões de moradia, classe e raça.
Com a câmera na mão me torno um ser politizado que reflete sobre a vida do “outro” me transformando, assim, em um filósofo das lentes.
Por fim, o presente trabalho que vos apresento convida os interlocutores para uma reflexão a partir das seguintes provocações: O que é periferia? O que é ser um corpo preto e periférico? Quais as consequências de ser um corpo preto no Brasil?